Capítulo 17 — Noite longa
Narrador:
A noite foi longa. Demasiado longa para ambos. Cloe revirou-se entre os lençóis, com o corpo quente e a garganta seca. Ela havia apagado a luz há mais de duas horas, mas seus olhos continuavam abertos, fixos no teto, como se pudessem encontrar ali alguma resposta, algum atalho que a devolvesse à calma que ela já não se lembrava. Não era medo, não exatamente. Era vertigem, era uma ansiedade tensa, corrosiva, que percorria seu peito como um nó mal feito. Ela sabia o que tinha feito e também sabia que era tarde para se arrepender. O valor que lhe ofereceram não fazia sentido. Ninguém pagava tanto por algo que se podia conseguir em qualquer bar, em qualquer festa. A menos que a razão não fosse o corpo. A menos que quisessem o símbolo, a ideia, o ato.
— Nunca ninguém me tocou.
Suas próprias palavras ressoavam em sua cabeça como um eco violento. Ela tinha o vestido pronto. Os sapatos que iria usar. O lugar para onde deveria ir, o horário, tudo. E, no enta