Capítulo 13 — Como se tivesse asas
Narrador:
A aula começou sem introduções desnecessárias. Ela, sentada na primeira fila, observava-o com atenção, como se pudesse antecipar cada palavra antes que saísse da sua boca.
— Qual é a diferença substancial entre um crime de guerra e um crime contra a humanidade? — perguntou Nero, sem levantar os olhos.
Cloe não hesitou.
—O contexto. O crime de guerra ocorre no âmbito de um conflito armado; o crime contra a humanidade, não necessariamente. Basta que haja um ataque sistemático contra a população civil.
Nerón ergueu os olhos. Seus olhos encontraram os dela e, naquele breve cruzamento, já havia eletricidade.
—Correto. E o que você entende por sistemático?
—Que não é um fato isolado. Que há um padrão, uma política, mesmo que não esteja escrita —respondeu ela, com tom seguro.
Nerón apoiou os braços na mesa. Ficou olhando para ela como se quisesse dissecá-la. Não por fora, mas por dentro.
—E você? —perguntou ele de repente, em tom mais baixo e sem