Cleide Magalhães
Começo a assobiar enquanto faço, um a um, os malditos nós de marinheiros que ele me obrigou a aprender, apenas para que pudesse me amarrar naquela maldita mesa.
Amarrei uma gravata na outra e prendi uma das pontas na perna da mesa. A outra, eu usaria para imobilizar a mão dele. Mas antes, encontrei um avental, afinal, não queria sujar a minha roupa de marca que meu marido fez questão de comprar para eu exibir a barriguinha do nosso pequeno mistério.
Revirei minha bolsa, que estava próxima à entrada da cozinha, e encontrei um prendedor de cabelo. Prendi os fios rapidamente, sentindo o olhar aflito de Neide sobre mim. Sei que ela não diria nada, porque conhece o meu passado. E, por mais abalada que estivesse, jamais me negaria esse momento.
Sabia que provavelmente estava ligando para alguém, mas até que essa pessoa chegasse, nós já teríamos ido embora.
Voltei para perto da mesa, encostei nela e sorri para aquele esterco humano, acariciando minha barriga de cinco meses c