07 - Hope de Luca

Hope de Luca

Os últimos anos foram uma loucura em minha vida. Mudar para Moscou e me dedicar integralmente ao Bolshoi foi o que precisava para respirar longe de toda a confusão que a mídia fez ao começar a investigar. Todos ficaram intrigados do porquê dei um soco no príncipe.

Fora que passar quase dois meses com a mão imobilizada não foi nada interessante, cada vez que olhava para minha mão, lembrava do maldito vídeo do príncipe praticamente transando com duas ao mesmo tempo. Respiro fundo e foco no que está acontecendo.

Essa semana, minha família chegou para comemorar o meu aniversário de vinte anos e, por mais que os ame, queria passar o dia sozinha, sem ninguém por perto, apenas para torturar o idiota que percebeu a grande merda que ele fez quando virei as costas para o herdeiro do Sudão.

Olho pela janela do meu apartamento, o sol finalmente voltou para alegrar a minha vida triste, mesmo que tenha sido por escolha própria estar da forma que estou. Gosto da solidão que tenho em Moscou. Mesmo que meus pais insistem que deva voltar para casa e aproveitar as oportunidades que começam a surgir em minha vida por lá, o mais perto deles.

Observo o buquê de rosas-brancas que foram entregues novamente, por mais que já tenha proibido cada uma das floriculturas de me entregar flores vindo de Mahjub, não sei como ele consegue, mas elas acabam sendo entregues. Preciso fazer algo para que essas tentativas dele não continuem.

Não sei se foi o meu soco ou simplesmente ter sumido do mapa que fez o príncipe correr atrás de mim como um cão no cio. Para o seu azar, me esforcei muito para me manter o máximo que pude afastar dele. Mesmo que minha amizade com suas irmãs Zara e Laís continuasse depois que me afastei de tudo, sei que elas sempre contavam algo sobre mim.

Como se fosse necessário, uma vez que a prima é uma das maiores hackers que se tem notícia. E a amizade de Mahjub com Gaia Garcia é bem estreita, tenho certeza que, se ele pedir, ela fará. Talvez nem seja preciso que ele peça algo.

O que não é de conhecimento de todos é meu envolvimento com Guilherme Lira, depois de um jantar de ação de graças em casa, no qual só cheguei com a sua ajuda. Guilherme se tornou o meu melhor amigo e, com o passar dos meses, entre encontros e visitas aos meus pais, acabei aceitando o seu pedido de namoro. Mas me culpava por estar ao seu lado e não conseguir sentir nada por ele.

Mesmo que ele fosse um rapaz perfeito, o desejo que toda mãe pode querer para a sua filha, mas não me sentia completa com ele. Algo dentro de mim dizia ser errado, que ele é a pessoa errada para estar ao meu lado.

Guilherme faz o máximo possível para nos manter fora dos tabloides já que está se candidatando para deputado de Miami, pelo menos é nisso que acredito. Mas tenho a sensação de que Guilherme nos mantém fora das notícias e me escolheu para ser sua namorada depois de uma desilusão amorosa que sofreu, assim como aconteceu comigo.

E da mesma forma que vem acontecendo comigo, ele não consegue se entregar à nossa relação.

Prova disso é que nunca conseguimos passar de alguns amassos no sofá, nunca dormimos juntos, acredito que ele jamais conseguirá tocar em mim sem pensar na mulher que ele ama. Felizmente, aprendi com Scott minha segurança a estar sempre de ouvidos em pé. E uma noite, quando ele veio me buscar aqui em Moscou para me levar para casa, o ouvi perguntando se podiam se encontrar.

Não faço ideia de quem seja a pessoa e muito menos o que o Gui aprontou antes de me conhecer, mas que a mulher está dando uma canseira nele, isso ela está. O que me fez tornar sua fã número um. Queria poder torturar o Mahjub dessa mesma forma, deixá-lo rastejando ainda mais em meus pés.

Não posso negar que gosto de todo o esforço que ele faz para se aproximar, mas sempre com uma ajudinha consigo me desvencilhar de suas investidas e tentativas de se comunicar. Minha segurança aprendeu como manter o príncipe árabe afastado e tenho certeza de que toda essa brincadeira só está servindo para deixá-lo ainda mais interessado.

—  Senhorita, seus pais chegaram para lhe levar para o teatro. — Viro em direção a Scott que olha para o vaso e estranha.

— Deve ter subornado o porteiro. — Digo e dou de ombros.

— Vou conversar com o síndico outra vez! — Ela exclama e se afasta.

Me ergo da janela, pego a minha bolsa no sofá e vou em direção ao jarro com as rosas e toco em uma delicadamente. Retiro uma e sinto a sua fragrância.

— Era para estarmos casados… — Murmuro e beijo a rosa.

Coloco a rosa em minha bolsa e saio do meu apartamento para encontrar com meus pais que já estavam me esperando na entrada do meu prédio. Ver meu pai e minha mãe na entrada do prédio com mais um buquê de girassóis, me fez abrir um sorriso enorme. Estava com saudades deles, faz quase seis meses que não os via.

As apresentações estavam intensas e, com a candidatura do meu pai para o Senado, tudo estava muito complicado para todos.

— Está linda, meu amor e Guilherme, ainda não chegou? — Meu pai olha para trás de mim.

Para eles, meu relacionamento está às mil maravilhas e minha mãe acredita fielmente que logo estarei lhe dando um netinho para fazer bagunça em casa e que eles possam estragar a minha educação.

— Ele disse que virá somente em alguns dias, disse que ainda está em campanha. — Digo abraçando os dois e entramos no carro.

O caminho para o teatro é até curto, conversamos sobre algumas coisas, mas a principal é sobre a vida amorosa do meu irmão, que está sofrendo na mão de uma das filhas de outro candidato ao senado. Meu pai estava preocupado por que o outro idiota foi para cama com uma, pensando que era a outra. Ou seja, elas o enganaram.

No lugar dele, dava um chute na bunda daquela patricinha que tenho certeza de que está apenas brincando com os sentimentos do meu irmãozinho. Via minha mãe também preocupada com a situação, mas não sei o que ela está planejando, porque tenho uma ligeira sensação de que estão aprontando alguma coisa para meu irmão.

A semana foi puxada e estava começando a sentir falta de Gui e meu irmão, que ainda não haviam aparecido em Moscou. Hoje é a minha última apresentação da temporada e é especialmente o meu aniversário.

Desejo que todos que amo estejam ao meu lado, para comemorar comigo esse novo ciclo que se inicia. Sinto até mesmo vontade de que Mahjub estivesse aqui.

Amadureci muito desde tudo o que aconteceu, quero mostrar ao príncipe que não sou mais aquela menina de dezesseis anos, tenho certeza de que Mahjub está arrependido pelo que aconteceu naquela boate. Com a minha decisão de me afastar da família Al-Makki, passei a receber menos notícias do que estava acontecendo com o príncipe que deveria ser meu noivo.

Para a minha surpresa, descobri que, com o rompimento do compromisso entre meu pai e o avô de Mahjub, rendeu à Oil Company uma espécie de indenização pelo que houve. Tenho a sensação de que o senhor Al-Makki e nem a sua mãe, não devem ter facilitado a vida do filho depois do que aconteceu.

Me despeço dos meus pais e vou para o camarim me arrumar para a apresentação, abro minha bolsa e encontro a rosa que havia colocado com cuidado. Pego um copo, encho com água e coloco a rosa ali.

Dói lembrar tudo o que vi, mas ainda sinto alguma coisa por aquele idiota…

Já pronta para poder dançar, deixo outro beijo na rosa pensando no príncipe árabe e preocupada de que Guilherme ainda não deu as caras por aqui!

Anne Vaz

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