A cabana estava mergulhada em um silêncio tenso. O estalo fraco da madeira queimando na lareira era o único som no ambiente. Isabela olhava fixamente para Leonardo, sentindo a tempestade de emoções dentro de si.Ele escondeu algo tão grande dela. Algo que colocava sua vida em risco. E, ainda assim, ela não conseguia odiá-lo.Camila, sempre prática, foi a primeira a falar.— Ok, então Ricardo quer matar vocês. E agora, qual é o plano?Isabela respirou fundo, tentando ignorar o turbilhão de sentimentos e se concentrar no problema maior.— Precisamos parar de fugir. Não podemos mais nos esconder. Se Ricardo quer acabar com Leonardo, então temos que ser mais rápidos que ele.Leonardo soltou um riso fraco e dolorido.— Você está sugerindo que a gente vá para o ataque? Isa, esse cara não brinca. Ele já tentou me matar duas vezes. Você realmente quer correr esse risco?Ela cruzou os braços, determinada.— Se não fizermos nada, ele vai continuar nos caçando até conseguir o que quer. E eu não
Os passos no corredor se tornaram mais nítidos. Isabela sentiu seu coração acelerar, cada batida pulsando em seus ouvidos como um alerta ensurdecedor.Leonardo fechou rapidamente o cofre e se virou para Camila.— Precisamos sair agora.Ela assentiu e abriu a porta apenas uma fresta, espiando para o corredor. A luz amarelada das lâmpadas tremia levemente, lançando sombras nas paredes.Os passos pararam.O silêncio que veio depois foi ainda pior.— Tem alguém bem ali. — Camila sussurrou, engolindo seco.Isabela segurou a respiração. Eles estavam encurralados. Se fossem pegos dentro da mansão, seria o fim.Leonardo apertou o pen drive na mão e olhou em volta. Havia uma saída? Uma outra porta? Uma janela?Nada.O escritório de Ricardo era blindado. Nenhuma saída além daquela.De repente, a maçaneta girou.Isabela sentiu o ar desaparecer de seus pulmões.Ela agarrou o braço de Leonardo, e ele instintivamente a puxou para perto, protegendo-a.A porta começou a se abrir.Camila, sempre rápid
O carro avançava pela estrada deserta, os faróis iluminando a escuridão da noite. O silêncio entre os três ocupantes era denso, carregado de tensão e adrenalina.Isabela olhava pela janela, vendo as luzes da cidade ao longe. Seu coração ainda batia forte, o corpo tomado pelo resquício da fuga.— O que tem nesse pen drive? — Camila quebrou o silêncio, olhando para Leonardo no banco do motorista.Ele segurava o pequeno dispositivo como se fosse a chave para sua liberdade.— Se Ricardo o mantinha no cofre, significa que é importante. Mas só vamos descobrir o que há nele quando estivermos seguros.— Para onde estamos indo? — Isabela perguntou, virando-se para ele.Leonardo pensou por um instante.— Tenho um lugar. É seguro e ninguém vai nos encontrar lá.Camila bufou.— Mais segredos? Você realmente precisa começar a compartilhar as coisas conosco, Leo.Ele lançou um olhar rápido pelo retrovisor.— É um apartamento que aluguei anos atrás. Nunca revelei a ninguém. Nem Ricardo sabe sobre el
A madrugada avançava, mas o sono não chegava para Isabela. Ela encarava o teto, ainda sentindo o calor dos lábios de Leonardo nos seus. Cada toque, cada olhar trocado naquela noite parecia um turbilhão de emoções que ela não conseguia controlar.Virando-se na cama, ela suspirou. O perigo os cercava, e ainda assim, ali estava ela, se envolvendo novamente com o homem que havia destruído seu coração.Mas seria possível resistir a ele?A porta do quarto rangeu baixinho, e Isabela se virou de imediato.Leonardo estava ali, encostado no batente da porta, usando apenas uma calça de moletom, o peito nu revelando cada detalhe dos músculos esculpidos. Seus olhos carregavam algo indecifrável, um misto de desejo e preocupação.— Não consegue dormir? — a voz dele saiu baixa, rouca.Ela negou com a cabeça.Ele hesitou, mas então cruzou o quarto e sentou-se na beira da cama.— Amanhã será arriscado. Quero ter certeza de que você está pronta para isso.Isabela o encarou.— Não tenho outra escolha. Ri
O carro cortava a noite velozmente, as luzes da cidade refletindo nos vidros. O silêncio dentro do veículo era denso, carregado de adrenalina e medo.Isabela olhou para Leonardo, que mantinha as mãos firmes no volante, os olhos atentos ao retrovisor. Camila, no banco de trás, respirava rápido, tentando processar o que havia acontecido.— Eles nos viram? — a voz de Isabela saiu tensa.Leonardo apertou os lábios.— Acredito que sim. Mas estamos longe agora.Camila riu nervosamente.— Isso foi insano! Quase morremos lá dentro.— Quase. — Leonardo corrigiu. — Mas não morremos.Ele virou bruscamente à esquerda, entrando em uma rua mais deserta.— Vamos para onde agora? — Isabela perguntou.— Tenho um lugar seguro. Precisamos analisar esse HD antes de qualquer coisa.Camila se recostou no banco.— Não acredito que estamos vivendo um filme de ação. Juro, vou escrever um livro sobre isso.Isabela lançou-lhe um olhar exasperado.— Concentre-se, Camila.— Ah, qual é! Precisamos rir um pouco. Vo
O silêncio que tomou conta do apartamento após a ligação de Ricardo era sufocante. O olhar de Isabela estava fixo no celular em sua mão, como se o aparelho ainda pudesse lhe fornecer respostas. Camila caminhava de um lado para o outro, inquieta, enquanto Leonardo analisava a situação com os punhos cerrados.— Ele está jogando com você. — Leonardo finalmente quebrou o silêncio.Isabela ergueu os olhos para ele.— E se não for um blefe? Ele pode estar com alguém que amo.— Com quem exatamente? — Camila perguntou, sentando-se na beirada do sofá. — Ele pode ter sequestrado algum parente? Algum amigo?Isabela sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Sua mente vasculhou todas as possibilidades, mas havia uma que a apavorava mais do que todas.— Minha mãe.Leonardo franziu a testa.— Ela está viajando, não? Para o interior?— Sim, mas... se ele descobriu para onde ela foi, pode ter mandado alguém atrás dela.Camila engoliu em seco.— Se ele tiver a sua mãe, você vai mesmo até ele?Isabela nã
O beijo de Leonardo fez o mundo ao redor desaparecer por um instante. Isabela sentiu seu corpo relaxar contra o dele, como se todo o peso das últimas semanas finalmente estivesse sendo retirado de seus ombros. Mas, no fundo, uma parte dela ainda estava inquieta.Quando o beijo terminou, Leonardo tocou seu rosto suavemente.— Você está tremendo.Ela soltou um suspiro longo.— É a adrenalina. Ou talvez seja a sensação de que isso ainda não acabou.Camila, que observava tudo de braços cruzados, interveio.— Você ouviu o que Ricardo disse antes de ser levado. Ele ainda acha que pode fazer algo.Leonardo assentiu, a expressão séria.— Ele pode tentar, mas agora está atrás das grades. O importante é que você e sua mãe estão seguras.Isabela olhou para a viatura da polícia que desaparecia no horizonte. Uma parte dela queria acreditar que aquele era realmente o fim de Ricardo, mas outra parte sabia que pessoas como ele sempre tinham um plano de contingência.— Vamos para casa. — Leonardo diss
O silêncio na sala se tornou insuportável.O telefone ainda estava na mão de Isabela, como se o peso daquelas palavras de Ricardo tivesse se impregnado no aparelho. Era como se a ligação tivesse deixado um rastro invisível de medo pairando no ar.Leonardo se levantou abruptamente e começou a andar de um lado para o outro, os passos ecoando pelo piso de madeira da sala.— Isso não faz sentido. — ele disse, quase para si mesmo. — Ele não pode estar fazendo ligações de dentro da prisão sem ajuda.Isabela engoliu em seco, tentando ignorar a sensação de que algo muito errado estava acontecendo.— Então, isso significa que ele tem um cúmplice. — ela murmurou, mais para confirmar o pensamento do que como uma dúvida.Leonardo parou e olhou para ela, os olhos escuros carregados de preocupação.— Alguém poderoso o bastante para garantir que ele tenha privilégios. Alguém que pode estar mais perto do que imaginamos.Um arrepio percorreu a espinha de Isabela. Ela abraçou os próprios braços, tentan