MADISSON
O carro seguia em silêncio pela estrada quase deserta, o som do motor se misturando ao zumbido constante dos meus pensamentos. Eu ainda via sangue. Ainda via os olhos de Kael, selvagens, tomados por algo que não parecia humano. Ele tinha me salvado, sim, mas também tinha matado. Matado sem hesitar, sem pestanejar, e por mais insano que fosse admitir, uma parte de mim não conseguia sentir medo dele. Pelo contrário, eu me sentira protegida.
Era doentio. Eu devia estar em choque, devia estar gritando, chorando, qualquer coisa. Mas não. O que me queimava por dentro era a lembrança da força dele, do jeito que ele se colocou entre mim e a morte. E isso me deixava envergonhada.
Soltei um suspiro, longa e pesadamente, e percebi o olhar de Dorian sobre mim. Ele vinha me checando a cada cinco minutos, como se esperasse que eu desmoronasse de uma hora para outra. Mas não disse nada. Só aquele olhar fixo, avaliador.
Baixei os olhos para minhas mãos. As unhas ainda estavam cobertas de ter