KAEL
Acordei com a sensação familiar, ardente, quase incandescente, bem no quadril.
A maldita marca de meia-lua.
Ela queimava como se quisesse lembrar que ainda estava ali, que ainda era real. Mesmo quando eu tentava negar. Mesmo quando fingia que podia ignorar.
Rolei na cama, o rosto afundado no travesseiro, tentando afastar o eco daquele sonho. Ou melhor… pesadelo.
O rosto da garotinha, os olhos arregalados de terror enquanto chamas consumiam tudo ao redor. Ela estendia as mãos para mim, chamando meu nome. “Kael, me ajuda...”
Eu nunca consegui alcançar.
O zumbido do celular me arrancou de vez da memória. Alcancei o aparelho no criado-mudo com um resmungo.
Sete chamadas perdidas do meu avô.
Dez de Harper.
Duas de Dorian.
E agora, uma ligação do meu tio Magnus entrando ao vivo.
— Droga.
Recusei a chamada, sentando na cama e passando a mão pelos cabelos bagunçados. O relógio no canto da tela não teve misericórdia.
Reunião dos clãs para apresentação oficial da substituta.
Harper.
Lev