》 Três

"Se você quiser, eu vou te dar um amor desses de cinema... Aqueles de filme de terror onde você morre no primeiro episódio."

☆ Viena Santoro ☆

- Isso é muita loucura - a voz de Alice, minha melhor amiga, ecoa pela cozinha com um misto de diversão e incredulidade. - Como assim, além de dormirem juntos, vocês saíram de Vegas casados? Isso daria um ótimo filme!

- O problema é que não é um filme, é a minha vida - resmungo, bufando. - E eu preciso urgentemente arrumar um jeito de anular esse maldito contrato.

- E o que o Hector acha disso?

- Ele se recusa a assinar os papéis da anulação - respondo, sentindo a frustração se acumular outra vez. Nada saiu como planejado. Absolutamente nada.

- Com uma cláusula daquelas, até eu me recusaria - ela dá de ombros, levando o copo de suco à boca como se estivéssemos falando de um reality show qualquer.

- Foi aquele idiota quem colocou a cláusula! - digo, revirando os olhos com força. - Se ele começou essa palhaçada, ele que termine.

- E se vocês dois tiverem concordado com a cláusula? - ela pergunta como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.

- Tenha dó, Alice. Eu jamais concordaria com algo assim - digo com firmeza. - Por mais que não pareça, sou bastante responsável quando se trata das minhas escolhas.

- Tão responsável que dormiu com o homem que odeia e acordou casada com ele - ela comenta com um sorrisinho debochado. - Mais um dia normal na vida de Viena Santoro.

Sério... quem precisa de inimigos quando tem uma melhor amiga dessas? Aquela que topa todas as minhas loucuras é a mesma que me dá broncas sempre que eu meto os pés pelas mãos - o que, convenhamos, quase nunca acontece. Porque, obviamente, eu estou sempre certa.

Alice e eu nos conhecemos desde sempre. Os pais dela têm negócios com minha avó, então crescemos grudadas. Ela é o juízo da amizade; eu, a diversão. É um equilíbrio. Mas, sinceramente, se ela estivesse ao meu lado naquela maldita noite na boate - o que ela até estava, mas resolveu sumir com um cara aleatório - eu jamais teria acordado casada.

Mas ok. Eu assumo as consequências dos meus atos - mesmo os que envolvem casamento bêbado em Vegas - e vou até o fim para anular essa merda.

Agora vocês devem estar se perguntando: Ah, Viena, por que não segura a onda por seis meses e depois pede o divórcio?

Meu amor... se fosse fácil assim, eu já estaria no lucro.

A questão é: o contrato tem cláusula de fidelidade. Ou seja, seis meses me satisfazendo com vibradores... ou indo para a cama com Hector. E acreditem: a primeira opção é absurdamente mais atraente.

- O que acha de dois milhões de dólares? - pergunto, mais pra mim mesma do que pra Alice, que continua tomando o suco dela como se estivéssemos discutindo o clima.

- Viena, acho que a coleira do cachorro dele custa mais que isso - diz ela com aquele sarcasmo afiado, me fazendo revirar os olhos com força.

- Eu não vou assinar essa merda. Hector vai ser o primeiro a ceder e assinar a anulação.- dou de ombros, já maquinando mentalmente os próximos passos. - Quer ele queira... ou não.

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♧ Hector Beaumont ♧

Um pequeno sorriso surge em meu²s lábios antes mesmo de dar outra tragada no charuto. Um sorriso sádico, debochado. Os papéis repousam sobre a mesa à minha frente - redigidos com precisão cirúrgica por advogados que, admito, são ágeis demais para o próprio bem. Excelentes no que fazem... mas nem isso será o suficiente para me fazer assinar.

Preciso reconhecer, porém, a ousadia de Viena. Sempre tentando me comprar - e, dessa vez, com um valor ofensivamente baixo.

Dois milhões de dólares.

Foi isso que ela ofereceu para que eu assinasse os papéis de anulação do casamento. Dois milhões e a promessa de abrir mão de qualquer direito sobre meus bens, como estipulado na cláusula de renúncia. Astuta, claro. Viena sempre soube jogar bem - mas nunca o suficiente para me vencer.

Viena Santoro tem sido o epicentro da minha obsessão, do meu ódio e, acima de tudo, do meu desejo reprimido. Desde sempre. Eu a odeio por me fazer desejá-la com uma intensidade que beira o insuportável. Ela me odeia... por um maldito mal-entendido na adolescência. E, sim, fui um idiota completo.

Em troca, ela me empurrou escada abaixo na casa de verão da família em Roma - um lugar lindo demais para memórias tão fodidas. Lembro como se fosse ontem: minha avó, que por algum motivo inexplicável é amiga íntima de Eleanor, me levou para passar o dia com os Santoro.

Eu era só um garoto deslumbrado, e Viena... Viena era fogo desde sempre. Crescemos juntos. Éramos amigos. Quase cúmplices. Mas aí vieram a adolescência, os hormônios e as decisões burras.

Eu tinha 17. Ela, 15.

E, naquele dia, Viena resolveu abrir o peito e confessar, diante de todos os nossos amigos, que gostava de mim. A garota mais linda que já passou pela minha vida - e eu, um idiota tomado pelo orgulho e medo, rejeitei. Disse que jamais sentiria algo por alguém como ela.

Acredite, não havia nada de verdadeiro naquelas palavras.

Era sua festa de debutante. Aniversário de quinze anos. E eu estraguei tudo.

Ela apenas sorriu. Deu de ombros. E se afastou, como se eu não tivesse importância alguma. Mas os olhos... os olhos dela diziam outra coisa. Frieza. Dor. Determinação. Eleanor criou uma mulher que não se dobra - mesmo quando sangra por dentro.

Algum tempo depois, a procurei. A encontrei subindo as escadas em direção ao segundo andar. Me aproximei. Tentei pegar sua mão.

Ela se virou de repente.

O ódio nos olhos dela me atingiu como uma faca. E então ela me empurrou.

Caí escada abaixo, e ela ficou lá em cima, me olhando com desprezo silencioso antes de simplesmente virar as costas e desaparecer.

Essa é a nossa história. Nosso começo torto. Amor e ódio costurados à força - e nunca, em momento algum, esquecidos.

Os anos passaram. A raiva não.

Cruzamos caminhos outras vezes. E sempre é a mesma merda: meus olhos grudados nela, desejando cada maldito pedaço daquele corpo, enquanto ela rouba a atenção de todos com aquele carisma insuportável, aquele jeito livre, selvagem, que me tira do eixo.

Todos a admiram. Ninguém entende. Ninguém sabe.

Mas eu sei. Viena Santoro é minha. Ela pode negar, pode gritar, pode me odiar até o último suspiro.

Mas no fim... ela me pertence.

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