Capítulo 7

Capítulo 7

Após meses escondidas na Europa, Isadora e a tia finalmente pisaram de volta em solo brasileiro.

O pequeno apartamento parecia mais sufocante agora, como se refletisse o peso que Isadora carregava no peito referente aos últimos meses.

Assim que fechou a porta, a tia caminhou diretamente para o quarto, abriu a mala sobre a cama e começou a desfazer as roupas com movimentos rápidos e impacientes.

- Seu noivo já sabe que voltamos. - anunciou, ajeitando alguns cabides no armário. - Ele está nos Estados Unidos, na casa do pai. - lançou um olhar por cima do ombro, sorrindo com um entusiasmo quase cruel.

Fechou a porta do armário e se virou, cruzando os braços.

- E adivinha, querida... - arqueou uma sobrancelha, sorrindo, fingindo, com o tom de puro deboche. - Nós vamos viajar de novo. - fez uma pausa dramática. - Afinal... você precisa conhecer seu sogro.

Isadora ficou estática.

O coração afundou no peito, a respiração falhou, e um frio percorreu sua espinha.

"Era só o que me faltava... Não estou pronta nem para conhecer meu noivo, quem dirá o pai dele." — pensou chateada, enquanto suspirava sentindo-se infeliz.

***

Na semana seguinte...

Isadora estava sentada na poltrona do avião, com o olhar perdido pela janela, observando as nuvens do céu rumo aos Estados Unidos, mais especificamente, Nova York.

O aperto no peito era sufocante.

Ela já não via mais sentido em sua vida.

Era como se absolutamente tudo estivesse contra ela.

Diante disso, só restava uma opção:

Se jogar de cabeça nesse casamento.

Fechou os olhos, respirando fundo.

O mais absurdo era que… nunca viu o noivo.

Nenhuma foto. Nenhuma ligação. Nenhuma conversa sequer. A única certeza era o nome dele… e o contrato assinado que selava o acordo.

Horas depois, em solo americano, a realidade bateu mais forte quando avistou a limusine preta da família Blake, parada na saída do aeroporto. O motorista segurava uma placa discreta com o sobrenome que, em breve, seria também o dela.

Entrou no carro, seguida da tia, que estava com aquele sorriso de quem parecia estar no controle de tudo. Isadora cruzou as mãos sobre o colo, olhando pela janela enquanto o carro deixava o aeroporto e seguia pela cidade, rumo ao desconhecido.

Seu destino agora era a mansão do pai do noivo. E o que a aguardava lá... ela nem imaginava. Só esperava mais uma vez não se arrepender de ter nascido.

A limusine atravessou os portões altos da mansão dos Blake. Assim que desceram, foram recebidas pelos avós do noivo.

A senhora Blake, uma mulher elegante, de cabelos grisalhos perfeitamente penteados, não disfarçava o encanto ao ver Isadora. Seus olhos brilhavam, e o sorriso largo parecia não caber no rosto.

— Mas que moça linda! — exclamou, segurando as mãos de Isadora. — Meu neto é um homem de sorte! Você é uma verdadeira joia rara.

O avô, também parecia satisfeito.

— Finalmente! O legado dos Blake vai seguir forte. — disse, apertando a mão de Isadora.

Após a recepção calorosa, foram conduzidas aos quartos. Cada uma teria seu próprio espaço.

Assim que entrou no quarto, Isadora respirou fundo, observando o luxo ao seu redor.

Tomou um banho demorado, tentando acalmar seus sentimentos que estavam perturbando.

Quando saiu, vestiu um lindo vestido azul-marinho que deixava suas curvas em evidência sem ser ousado, prendeu os cabelos e colocou um par de brincos.

Ao descer, encontrou os avós do noivo na sala.

Então, respirou fundo e perguntou, um pouco envergonhada:

— O... meu noivo... não virá?

A senhora Blake forçou um sorriso, ajeitando o colar no pescoço.

— Na verdade... vocês podem ir na frente. — respondeu, desviando o olhar. — O motorista vai levá-las ao restaurante onde meu filho e meu neto estarão esperando por vocês.

Antes que Isadora pudesse reagir, a tia, que desde que subiu vinha reclamando de dor de cabeça, cruzou os braços, balançando a cabeça.

— Eu não vou. Estou exausta. Minha cabeça lateja. Vá você, querida. — disse, levando a mão à testa como se encenasse uma grande crise.

O peito de Isadora apertou.

Ir sozinha?

Mal conhecia aquelas pessoas... e, principalmente, não fazia ideia de quem, de fato, era seu noivo.

Mas então, alguém surgiu caminhando casualmente pelo corredor, ajeitando a manga da camisa social como se aquela fosse só mais um início de noite qualquer.

Quando ela ergueu os olhos... ali estava ele.

Provavelmente, seu noivo.

Ele foi rápido. Caminhou até ela, sorrindo de canto, como se fosse a coisa mais natural do mundo, e segurou suas mãos.

— Isadora... você está linda. — disse, a beijou no rosto e falou em seu ouvido: “Siga meu jogo.”

Ela respirou fundo, engolindo em seco, e tentou sorrir.

— Obrigada... — respondeu, sentindo o coração disparar.

Ele se virou para os avós, mantendo a postura impecável.

— Desculpem não ter chegado antes. Tive um compromisso inadiável. — olhou novamente para Isadora, como se a conhecesse há anos. — Mas agora estamos todos aqui.

A senhora Blake sorriu, claramente aliviada, enquanto o avô assentia satisfeito. O noivo, tentando manter as aparências, passou o braço pelas costas de Isadora, guiando-a em direção à sala.

— Minha cabeça está latejando. — murmurou a tia, levando a mão à testa e suspirando de forma quase teatral. — Eu realmente não estou bem... A viagem me deixou exausta. — acrescentou, lançando um olhar para Isadora como quem lavava as mãos da situação. — Aproveitem e representem bem a família.

Sem esperar resposta, virou-se com um suspiro cansado.

— Com licença... — disse em voz baixa, e um dos funcionários prontamente se aproximou para acompanhá-la até os aposentos.

— Vamos? — Ethan ofereceu o braço a Isadora. — Meu pai está nos esperando no restaurante. Trabalhou até mais tarde hoje e preferiu que nos encontrássemos lá.

Ela respirou fundo e aceitou o braço.

— Certo... — respondeu, com um sorriso ensaiado, tentando ignorar o aperto no estômago.

— Vai ser uma ótima noite. — garantiu Ethan.

Ao atravessarem a porta da mansão, a limusine os aguardava com o motorista segurando a porta aberta. Ethan, fez sinal para que ela entrasse primeiro, depois acomodou-se ao lado dela.

Enquanto o carro arrancava, Isadora não sabia se o que sentia era ansiedade, medo... ou algo que não sabia nomear.

A limusine parou em frente a um dos restaurantes mais sofisticados da cidade.

Assim que desceram, um dos recepcionistas, se adiantou, sorrindo educadamente.

— Boa noite. Senhor Blake... Senhora... Por aqui, por favor. Vou acompanhá-los até a mesa.

No mesmo instante, o celular de Ethan começou a vibrar no bolso. Uma, duas, três vezes seguidas. Ele o tirou, apertando os lábios, visivelmente irritado.

— Droga... — resmungou baixo, olhando para o visor. — É urgente.

Ele olhou para Isadora e segurou sua mão.

— Vá na frente. O garçom vai te levar até nossa mesa. Eu já te alcanço em dois minutos, prometo. — disse, oferecendo um sorriso apressado.

Ela hesitou por alguns segundos, olhando dele para o restaurante, apertando a bolsa contra o corpo.

— Tem... certeza? — perguntou, desconfortável.

Ethan já estava atendendo a ligação, acenou com a cabeça, piscou um olho e reforçou:

— Absoluta. Só vá. Estou logo atrás. — então se virou, afastando-se alguns passos enquanto falava ao telefone.

O recepcionista manteve o sorriso profissional, fazendo um gesto com a mão:

— Por aqui, senhorita.

Com um suspiro tenso, Isadora ajeitou o vestido, segurou firme a alça da bolsa e seguiu o rapaz.

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