Capítulo 5

Capítulo 5

O jato particular tocou a pista do aeroporto em Nova York pouco depois do entardecer. Alexander abriu os olhos, como se só naquele instante tivesse realmente acordado.

Mas não era o cansaço que apertava seu peito.

Era... ela. O corpo daquela garota. A boca. A pele. O nome gravado em sua mente como uma tatuagem invisível. Isadora Ribeiro.

O carro já aguardava na pista. Alexander desceu a escada do jatinho, mãos nos bolsos, paletó impecável, olhar frio, postura de homem que carrega o mundo nas mãos.

O motorista abriu a porta da limusine.

— Bem-vindo de volta, senhor Blake.

Alexander subiu na limusine.

— Direto para a casa dos meus pais. — ordenou, sem tirar os olhos do celular.

O motorista confirmou com um aceno e fechou a porta. O tempo passou enquanto sua mente trabalhava incansável.

O motorista então anunciou:

— Estamos chegando, senhor.

A limusine parou diante da escadaria. Antes mesmo do motorista abrir a porta, Alexander já estava com a mão na maçaneta, impaciente. Desceu, ajeitando o paletó, e subiu os degraus com rapidez.

A porta se abriu antes que ele pudesse bater.

— Filho! — A mãe surgiu, com um sorriso. — Você sumiu. Não é costume seu aparecer assim, sem avisar.

Ele apenas a beijou no rosto.

— Precisava resolver algumas coisas. — respondeu, cruzando a porta e encontrando o pai na sala de estar, sentado com um copo de uísque nas mãos.

O velho Blake ergueu os olhos.

— Até que enfim resolveu dar as caras. — disse, ajeitando o paletó, como se também medisse cada atitude do filho.

Alexander apertou a mão do pai e caminhou até o bar, serviu-se de uísque e virou metade de uma vez.

— Preciso clarear a mente.

— Problemas nos negócios? — perguntou o pai.

Ele girou o copo na mão, olhando para o líquido âmbar.

— Negócios, sim... e outro tipo de problema. — respondeu, mas não completou.

A mãe cruzou os braços, o observando com aquele olhar típico de quem lê até os pensamentos do filho.

— Você está estranho. Muito estranho.

Alexander respirou fundo, desviando o olhar.

— Depois falamos disso. — cortou, frio, como sempre fazia quando não queria se abrir. — Por enquanto, vou ficar aqui. Preciso... pensar.

Seu velho pai apenas deu de ombros.

— Faça como quiser. Você é um Blake. Resolver problemas está no seu sangue. — E voltou a beber, encerrando o assunto.

***

Isadora se encolheu no sofá, segurando uma almofada contra o peito, enquanto a tia andava de um lado para o outro, quase arrancando os cabelos.

— COMO ASSIM NÃO LEMBRA? — gritou, bufando. — Estava bêbada?

Isadora abaixou o olhar, apertando a almofada como se aquilo pudesse protegê-la da vergonha, do medo e da própria consciência.

— Estava... — respondeu, a voz saindo pequena, embargada.

— Que merda, Isadora! Das grandes! — bateu na mesa, fazendo tudo tremer. — Já pensou se você está grávida... e vai se casar com outro?

A tia respirou fundo, apertou as têmporas e começou a andar mais rápido pela sala.

— De duas, uma: você teria que se casar imediatamente. Mas... se ele desconfiasse e pedisse um DNA... perderíamos tudo. — A voz dela saiu mais amarga, mais dura. — Então, vamos ao plano B.

— Plano B...? — repetiu Isadora, franzindo a testa, piscando várias vezes, temendo a resposta.

A tia parou, olhou diretamente nos olhos dela, cruzou os braços.

— Sim. Vamos viajar. — disse, firme, decidida. — Visitar uns parentes na Europa. Teremos tempo suficiente para descobrir se você... engravidou ou não.

Isadora apertou a almofada.

— E se eu estiver...? — perguntou, com a voz trêmula, quase um sussurro.

A tia não hesitou.

— Faremos um aborto.

O choque percorreu todo o corpo de Isadora. Ela se levantou, trêmula, dando um passo para trás.

— NÃO! — gritou, com os olhos arregalados, a voz ecoando pela sala.

O silêncio após o grito de Isadora parecia cortar o ar.

Mas a tia não se comoveu nem um pouco. Ao contrário, sua expressão ficou ainda mais dura, carregada de raiva, de frustração e de puro desprezo.

Ela cruzou os braços, respirando fundo, e disse com uma risada amarga:

— O que você quer, então? Casar com o pai do bebê? — cuspiu as palavras com ironia.

Isadora ficou calada. Apenas apertou os braços contra o corpo, sentindo o rosto queimar, como se estivesse nua diante de toda sua própria vergonha.

A tia apertou os olhos, aproximando-se com passos lentos e ameaçadores.

— Fala! Quem é o rapaz com quem você saiu? — perguntou, com os dentes cerrados. — Qual a classe social dele? Tem dinheiro? Tem posição? Se for rico, podemos trocar o noivo.

Isadora sentiu a garganta secar. Engoliu em seco e respondeu, com a voz trêmula, quase inaudível:

— Eu... eu não sei quem ele é.

Os olhos da tia se arregalaram de puro choque. As pupilas tremiam, como se não acreditasse no que acabara de ouvir. Rapidamente, ela avançou, encurtou a distância, os olhos estreitos e úmidos, não de tristeza, mas de pura decepção e ódio.

Sem aviso, sua mão voou no ar.

— VADIA! — gritou, antes de desferir um tapa estalado no rosto de Isadora, que cambaleou para trás, segurando a face com as mãos, sentindo a pele arder.

— Tenho certeza... certeza... que fez isso de propósito! — esbravejou, apontando o dedo trêmulo. — Pra me ferir, pra destruir tudo que eu planejei. Aposto que saiu com um pé rapado qualquer!

Ela andava de um lado para o outro como uma leoa enjaulada, apertando o cabelo, puxando as próprias mãos, sufocada pela fúria.

De repente parou, olhou fixamente nos olhos de Isadora, com um olhar que misturava desprezo, rancor e ameaça pura.

— Mas não se iluda... escute bem... se você engravidou. JAMAIS terá essa criança nos seus braços. — sua voz saiu carregada de veneno. — Escutou bem? JAMAIS!

Isadora apertou o próprio ventre instintivamente, as lágrimas caindo.

O coração parecia prestes a explodir dentro do peito.

A tia respirou fundo, ajeitou o cabelo e, como se absolutamente nada tivesse acontecido, falou com a voz fria e calculista:

— Prepare suas coisas. — apontou, como quem dá uma ordem irrecusável. — Vamos viajar hoje mesmo.

Isadora permaneceu imóvel, segurando o rosto ainda ardendo.

— Vou pedir um adiantamento ao seu noivo para cobrir as despesas. — completou, como se estivesse falando de um simples passeio. — Inventarei... alguma doença na família. Um problema grave. Algo que justifique nossa partida por tempo indeterminado.

Andou até a mesa, pegou o telefone e começou a digitar com agilidade.

— Teremos o tempo necessário. — murmurou, sem sequer olhar para Isadora. — Tempo para resolver... essa... situação.

Isadora fechou os olhos com força. Sua vida nunca mais seria a mesma.

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