Capítulo 2

Capítulo 2

Alexander Blake terminou de ajeitar o smoking impecável, passou as mãos pelos cabelos loiros, alinhando-os no lugar, e soltou um suspiro antes de sair do quarto de hotel.

Entrou no elevador, desceu direto até o saguão. E, claro, não passou despercebido.

Na recepção, dois funcionários cochichavam enquanto tentavam parecer discretos, e falharam miseravelmente.

— O que o homem mais rico do universo faz aqui? — perguntou Júnior, com os olhos arregalados de curiosidade.

A recepcionista ajeitou os óculos, inclinando-se sobre o balcão como quem guarda um segredo que queria desesperadamente contar.

— Veio se divertir… — respondeu baixinho, lançando um olhar maroto. — Com uma moça. Muito bonita, por sinal.

— E onde ela tá? — Júnior arqueou as sobrancelhas, ansioso.

— Já saiu. — Ela deu de ombros, segurando um sorriso.

Ele bufou, balançando a cabeça.

— Vai me dizer que um homem desses... charmoso, coroa, lindo pra cacete… precisa pagar pra transar?

— Pois é… parece que sim. — respondeu a recepcionista, cruzando os braços e mordendo o lábio de curiosidade.

Alexander, estava com a cabeça longe.

Muito longe.

Saiu pela porta giratória do hotel, seguido discretamente pelo segurança que o aguardava.

— Você a viu sair? — perguntou de forma seca, sem rodeios.

— Sim, senhor. — confirmou o segurança.

Alexander apertou o passo até onde o motorista já o esperava, segurando a porta aberta da limusine.

— Para onde ela foi? — perguntou, a mandíbula travada, tentando controlar a frustração.

— Só vi que ela seguiu em direção ao metrô, senhor. — respondeu o segurança, um tanto desconfortável.

Alexander passou a mão no rosto, respirou fundo:

— Shit!

Subiu na limusine, jogou-se contra o encosto, encarando a janela frustrado. Mas, com uma certeza incômoda:

Ele não ia descansar enquanto não encontrasse aquela mulher.

Apoiou os cotovelos nos joelhos, esfregando as mãos no rosto. Tentava, a todo custo, puxar da memória qualquer informação útil.

O primeiro nome, sim.

Isadora.

Mas… só isso. Nenhum sobrenome. Nenhuma pista concreta.

Revivia os flashes da noite anterior:

O sorriso tímido, quase envergonhado.

Os cabelos cacheados balançando enquanto ela falava. O sotaque carregado, que ele achou absolutamente irresistível.

Ela tinha mencionado algo…

Talvez uma tia… ou comentou que estava de passagem. Ou morava ali? Não. Isso não ficou claro.

A verdade é que, enquanto estavam juntos, falar foi a última coisa que fizeram.

Bateu com a mão fechada na própria coxa, irritado.

— Maldição… como eu fui idiota.

A limusine entrou pelos portões da propriedade. Uma mansão suntuosa, cercada de jardins impecáveis, seguranças, câmeras e muros altos. A residência de um homem que tinha tudo. Tudo… menos ela.

Quando o carro parou, Alexander saiu, batendo a porta com força. O segurança se aproximou.

— Dê um jeito de encontrá-la. — ordenou, seco, com aquela voz que não deixava espaço para discussão. — Se ela estava naquela festa, é porque alguém a conhecia. Descubra quem é. E faça isso rápido.

O segurança assentiu na mesma hora, já pegando o rádio comunicador.

— Sim, senhor. Vou acionar nossa equipe e verificar as câmeras do hotel, da rua e da festa.

Alexander caminhou em direção à porta principal da mansão, tenso, respirando fundo, os punhos cerrados.

Aquela mulher estava na pele dele. E ele não sossegaria enquanto não a tivesse novamente.

***

O táxi parou com um solavanco na frente do hospital. Isadora jogou algumas notas para o motorista e desceu apressada, descalça, segurando os saltos na mão.

Correu até a recepção, o coração disparado não só pela notícia do acidente, mas também pela mistura sufocante de vergonha, culpa… e desejo.

O corpo ainda ardia.

As lembranças vinham em flashes traiçoeiros, como se sua própria pele quisesse sabotar sua sanidade.

— Com licença… onde estão os pacientes do acidente na rodovia? — perguntou, tentando soar firme, mas a voz saiu trêmula.

A atendente levantou os olhos, avaliando Isadora dos pés à cabeça.

E, sim, ela estava... uma bagunça ambulante.

— Andar dois, ala de emergência. Elevador à esquerda.

— Obrigada. — respondeu, apertando o salto contra o peito.

Entrou no elevador e, no reflexo do espelho, encarou a própria imagem.

A maquiagem borrada.

Os olhos vermelhos.

Os cabelos em desalinho.

E, ali, no dedo... a maldita aliança de noivado.

Engoliu em seco.

— O que eu fiz…? Meu Deus, o que eu fiz…? — sussurrou, apertando os olhos.

O som das risadas, os gemidos abafados, o toque quente, os olhos dele olhando dentro dos dela…

Tudo voltava como uma tortura deliciosa e cruel.

O elevador apitou. As portas se abriram.

Correu pelo corredor e, de longe, viu sua tia sentada, aflita, com as mãos no rosto.

Assim que a mulher a viu, se levantou.

— Graças a Deus, Isadora! Eu te liguei mil vezes! — disse, correndo para abraçá-la. — Foi horrível… o seu tio…

Isadora não respondeu. Apenas apertou a tia contra o peito, engolindo o choro, sentindo que o mundo desabava de um lado… e pegava fogo do outro.

E ela não sabia qual dos dois a destruía mais rápido.

A tia a soltou, secando as lágrimas com as costas da mão, visivelmente abatida, mas não tão distraída a ponto de não perceber o estado da sobrinha.

— Onde você estava? — perguntou, apertando os olhos, analisando cada detalhe — o vestido amarrotado, os cabelos bagunçados, os pés descalços e o olhar… parece apavorada e culpada.

Isadora gaguejou, tentando organizar as palavras na cabeça, mas parecia que a língua simplesmente se recusava a obedecer.

— Eu… eu estava… numa festa. — respondeu, baixando um pouco os olhos, sem saber exatamente onde apoiar o olhar.

A tia a olhou mais uma vez, cruzando os braços, franzindo o cenho.

— E parece que... você não voltou dessa festa sozinha. — disparou, direta. — Você não… dormiu com o seu noivo, né? — abaixou um pouco a voz, olhando ao redor, como se até as paredes pudessem ouvir aquele pecado. — Você tá... toda desarrumada, Isadora.

O peito da jovem subiu e desceu em um suspiro trêmulo.

— Ele… ele não apareceu na festa. Eu... não sei o que aconteceu...

A tia arqueou uma sobrancelha e apertou ainda mais os olhos.

— Hum… — murmurou, desconfiada, cruzando as pernas lentamente. — Pois não se esqueça do que foi combinado. Você tem que... — apertou os lábios, fazendo uma pausa tensa. — Você tem que casar virgem, Isadora.

O mundo pareceu girar. Ela engoliu seco, o estômago revirando, e tudo dentro dela se apertou como se o próprio corpo a julgasse.

Ela estava completamente... perdida.

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