por Milena
Aquela manhã surgiu carregada de um peso que me sufocava desde a noite anterior.
Meu coração estava apertado, e meus pensamentos eram um emaranhado de medos e dúvidas.
Levantei-me com uma única certeza: eu precisava fugir, nem que fosse por algumas horas.
O orfanato, com sua inocência e alegria genuínas, era o único lugar onde eu conseguia respirar.
O caminho até lá parecia mais longo do que o habitual, como se a ansiedade e a angústia que eu carregava tivessem tornado cada passo uma luta contra mim mesma.
Quando finalmente cheguei, o sol estava apenas começando a espiar sobre o horizonte, tingindo o céu com um tom melancólico de rosa e laranja. As cores eram bonitas, mas nada em mim conseguia apreciá-las.
Ao atravessar os portões do orfanato, senti um alívio instantâneo, como se aquele lugar tivesse o poder mágico de afastar, ainda que temporariamente, todos os meus fantasmas.
As crianças, já envolvidas em suas brincadeiras, pararam ao me ver.
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