Sentada no sofá da sala, Rosangela bebe sua taça de vinho em um único gole. Seu olhar perdido no quadro que mostra seu pai à sua frente. Todo o escândalo daquele dia não fez senão se transformar em uma bola de neve que ameaça esmagá-la. “Tudo isso não deveria estar acontecendo”, pensa, apertando os lábios com frustração.
Seu olhar se desvia por um momento para o celular, que brilha sobre a mesa anunciando outra chamada. A esse ponto, ela teve de silenciá-lo completamente, ao mesmo tempo que desligou o telefone da casa, já que as ligações dos pais não paravam. O som suave, mas insistente da campainha a tira de seu devaneio. Suspira, deixando a taça de vinho sobre a mesa de vidro à sua frente, e se levanta. Não é preciso tentar adivinhar quem é; a essa altura só pode ser uma pessoa.
George aparece no batente da sala momentos depois. Sua figura alta e confiante preenche o espaço, e sua expressão cínica brilha mais do que nunca no rosto, o que faz Rosangela olhá-lo com uma mistura de irri