A escuridão me engolia, um véu espesso e pesado que parecia sufocar qualquer sopro de vida. Mas, estranhamente, não era um vazio completo. Havia ecos, fragmentos de som que me arrastavam pelas bordas da minha consciência, como ondas distantes batendo em uma praia deserta. Eu estava presa em algum lugar entre o sono e o despertar, uma existência flutuante onde o corpo não respondia, mas a mente, ah, a mente corria solta, eu conseguia ouvir tudo.
_ Cuidado com a artéria...", uma voz grave e calma ecoou, distante, mas clara. Era um homem. Um homem que falava com autoridade, com a precisão de quem está no controle. Eu sabia que era um médico. Estava acontecendo. A cirurgia.
_Pressão caindo rápido!", outra voz, mais aguda, cheia de urgência. O pânico nessa voz me atingiu como um choque elétrico, mesmo sem eu poder reagir fisicamente. Eu sentia uma pressão estranha no meu abdômen, uma sensação de ser aberta, dissecada. Era um desconforto profundo, uma invasão que eu não podia impedir.
_ Pre