O dia parecia como qualquer outro. Reuniões, contratos, apertos de mão vazios. Mas havia algo estranho desde o momento em que acordei. Um incômodo constante, como um peso no peito que eu não conseguia nomear. Talvez culpa. Talvez medo. Talvez os dois.
Não conseguia parar de pensar nela. No jeito que me olhou da última vez, com os olhos carregados de mágoa e algo ainda pior: decepção. Eu achei que ela fosse entender. Que fosse esperar. Mas talvez eu tenha esticado a corda mais do que devia.Peguei o celular e disquei o número de casa. Era fim de tarde na China. Ela devia estar descansando, talvez lendo algum daqueles romances que ela adorava — os que eu sempre fingia não notar, mas conhecia cada capa.Rosalia atendeu no segundo toque.— Boa tarde.— Rosalia, sou eu. O Pietro.— Ah, senhor Pietro… boa tarde.— Está tudo bem por aí? A Melinda está em casa?Silêncio.Do tipo que faz o coração disparar antes da resposta.— Senhor… a senhora Melinda