Só o alarme do carro ainda soava, abafado agora, como se sentisse vergonha também.
A polícia chegou rápido demais. As luzes girando, os uniformes, as perguntas... tudo foi tão rápido que mal tive tempo de respirar. Eu sequer saberia como explicar aquilo, nem como me desculpar com Alexandre. Ele foi quem falou com o policial, provavelmente entendendo que eu estava submersa em vergonha, e que qualquer palavra minha naquele estado seria falha, trêmula ou, pior, comprometedora.
Mas o que me corroía por dentro era a ideia de que aquilo pudesse chegar até a minha mãe. Como eu poderia explicar? Como justificar que Marcelo, o homem com quem ela dividia a vida, se tornara esse... alguém? Alguém que me feria, me puxava, me tratava como propriedade. Tudo isso poderia prejudicá-la e ao bebê também. Os danos já eram grandes demais.
Só de olhar para Marcelo, eu sentia o estômago embrulhar.
— Você vai ficar bem? — ouvi a voz baixa de Alexandre.
Seu toque foi leve, como se não quisesse me assustar, a