Após a conversa com Heitor, eu me afastei de vez de Maria Vitória.
Não a encontrava nos corredores do prédio, tampouco no elevador, mas eu sabia a cor e o modelo do seu carro. Sabia o percurso que fazia para ir e voltar da faculdade.
Os dias passaram como passam sempre que não se quer encará-los: rápidos demais. Assustadoramente rápidos.
A recuperação de Laura foi boa. Silenciosa. Clínica. Fiz minha parte como médico. Como amigo, também. Mas como homem... falhei. Falhei com Maria Clara e, agora, observando pela janela, percebo que também falhei com Maria Vitória.
Continuo falhando.
Maria Vitória estava lá. Matriculada. Estudando. Seguindo a vida. Não me procurava, tampouco me evitava — ela existia à margem. Discreta, como se tivesse aprendido a ser invisível dentro da própria casa. Dentro da minha vida.
Eu a vi algumas vezes, de longe. Passando com a mochila pendurada em um ombro só, o crachá torto no peito, os fones nos ouvidos. Olhar firme, testa franzida. Um vulto conhecido em uma