Eu sequer sabia o que estava acontecendo comigo. Enquanto Maria Vitória adormecia em meus braços, percebi que havia mais do que desejo entre nós — havia um laço invisível e perigoso. Mas eu sabia: no dia seguinte, tudo aquilo precisaria chegar ao fim.
Ela adormeceu apoiada em meu peito, o rosto sereno, e por um instante, eu quase me permiti esquecer do mundo. Mas então o telefone vibrou em algum canto do quarto. O silêncio era tão profundo que qualquer ruído parecia um grito.
Ignorei as primeiras chamadas. As seguintes, insistentes, cortavam o ar e o pouco de paz que restava. Levantei devagar, encontrei o aparelho sobre a mesa. Hesitei antes de tocar a tela — se fosse Heitor, traria uma série de perguntas; qualquer outro nome seria apenas um detalhe.
Mas o nome que apareceu em azul não era um detalhe. Era Marcelo.
Além das chamadas, as mensagens começaram a chegar:
"Você é minha."
"Volta pra casa agora, ou vai se arrepender."
"Vai me fazer sair por aí te procurando feito um cachorro? A