Capítulo 5
Naiara acordou novamente já deitada em uma cama de hospital.

— Você finalmente acordou. — Suspirou a médica, olhando para ela com um olhar cheio de compaixão. — Você teve um aborto espontâneo com uma hemorragia grave, se tivesse chegado alguns minutos depois, nem um milagre teria te salvado.

Pela boca da médica, Naiara soube que foi encontrada desacordada no dia seguinte por quem lhe levava comida, escapando da morte por um triz.

— Sua família é mesmo inacreditável, como podem te tratar assim? Principalmente seu marido, que nem atende o telefone. Quando ele vier ao hospital, vou dar uma boa lição nele.

— Doutora. — Naiara a interrompeu, apertando o lençol com a ponta dos dedos. — Por favor, não conte a ele sobre a gravidez.

Afinal, ele não acreditaria nela.

Além disso, o coração de Afonso já não lhe pertencia mais, e ela também não queria ter mais nenhum vínculo com ele.

A médica hesitou, mas por fim balançou a cabeça e saiu do quarto.

Durante todo o período em que Naiara esteve internada, Afonso não apareceu nem uma vez.

Por outro lado, ele parecia onipresente no Instagram de Catarina.

No primeiro dia, uma foto em close de uma tigela de canja, com a legenda: [Dez anos se passaram, ainda é meu sabor favorito.]

No segundo dia, uma foto do homem dormindo encostado à cabeceira da cama, com a legenda: [Tive outro pesadelo essa noite, ainda bem que, ao abrir os olhos, te vejo ao meu lado.]

Naiara de repente se lembrou de que, quando adoecia, era Afonso que sempre preparava canja para ela.

Quando ela tinha febre e passava mal, era ele quem ficava ao seu lado na cama, segurando sua mão com força.

Só agora ela entendia.

Essas gentilezas nunca foram para ela.

Ele apenas amava outra pessoa através dela.

No dia da alta, Afonso finalmente ligou.

— Surgiu um imprevisto na empresa, mandei o motorista te buscar.

Naiara não questionou, nem se exaltou, apenas respondeu com indiferença:

— Está bem.

No momento em que desligou, ela acariciou a barriga agora lisa.

Afonso, para ela, era apenas um nome prestes a ser apagado da lista de contatos.

Ela não tinha mais nenhuma expectativa em relação a ele.

......

Naiara voltou para casa.

Assim que entrou, viu Catarina com um cavalete, pintando livremente na parede da sala.

As fotos do casamento dela com Afonso, assim como as Polaroids, estavam todas jogadas no chão, cobertas de tintas coloridas.

Ao ver Naiara, Catarina sorriu:

— Naiara voltou? Achei essa parede muito bagunçada, resolvi redecorar. Você não se importa, né?

Naiara olhou para toda aquela bagunça e respondeu friamente:

— Faça como quiser.

Aquela casa, para ela, já não tinha mais sentido.

A partir de agora, a dona daquele lar não seria mais ela.

Nesse momento, Afonso apareceu vindo da cozinha, trazendo uma bandeja com frutas cortadas.

Ao ver que Naiara ia subir as escadas, ele se colocou na frente dela.

— Catarina está tentando melhorar o clima entre vocês, é assim que você retribui?

— E o que queria que eu fizesse? — O rosto pálido de Naiara mostrou um toque de cansaço. — Que eu me ajoelhasse para agradecer por ela destruir minhas fotos?

Catarina, querendo amenizar a situação, interveio rapidamente:

— Afonso, não brigue com ela… Naiara não quis ser grossa…

— Não quis? Então por que te lançou aquelas palavras tão cruéis? — Afonso lhe lançou um olhar ainda mais estranho. — Naiara, você me decepcionou profundamente.

Sem forças para discutir, Naiara o empurrou de lado, subiu as escadas e entrou no quarto.

Ela ainda estava muito fraca por causa da cirurgia de aborto.

Mal havia se deitado, a porta se abriu.

Catarina apareceu na porta, o semblante gentil desaparecera, dando lugar a um desprezo escancarado.

— Ver Afonso me defendendo assim te dói, não é? — Catarina sorriu com desdém. — Eu te disse, ele só estava brincando com você esses anos todos, mas você foi burra o suficiente para acreditar.

Naiara virou de lado, sem vontade de responder, cobrindo a cabeça com o cobertor.

Mas Catarina se aproximou, insistente:

— Sabe o que dizem de você lá fora?

— Dizem que você dormiu quatro anos com o próprio cunhado e, no fim, não conseguiu nada. Nem se compara às garotas de programa, que ao menos cobram caro.

— Naiara, aceite a realidade.

— A família Santos não precisa de você, Afonso não precisa de você. Você e sua mãe são iguais: um peso morto, jogadas de lado por todos!

Ao ouvir Catarina mencionar sua mãe, Naiara não aguentou mais. De repente, levantou a cabeça, e seu olhar era afiado como uma lâmina.

— Está com tanta pressa de declarar território porque tem medo de que, nesses quatro anos, ele tenha se apaixonado por mim?

Catarina se surpreendeu por um instante, depois soltou uma risada sarcástica.

— Apaixonado por você? — Seu olhar era puro escárnio. — Se ele realmente te amasse, daria espaço para eu te humilhar assim?

Pouco depois, o som da porta se fechando ecoou.

Naiara apertou com força o lençol, sentindo o corpo cada vez mais frio.

Ainda bem que logo iria embora.

Nunca mais teria que encarar a verdadeira face cruel dessas pessoas.
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