Mundo ficciónIniciar sesión༺ Malik Stavani ༻
Observo Tamara saboreando o café, tentando agir com serenidade, embora meu peito esteja tomado por satisfação silenciosa, sensação antiga que alimento desde o primeiro instante em que cruzo meu destino com o dela. Ainda não acredito que finalmente passei a noite ao lado da mulher que sempre mexeu comigo, mesmo percebendo o vazio na memória dela sobre nosso passado distante, ponto que guardo com cuidado. O seu perfume suave preenche o ambiente inteiro, e prometo internamente que ninguém mais se aproximará dela sem meu consentimento, principalmente Pedro Albuquerque, responsável por feridas profundas que ela insiste em esconder. Pedro perdeu o direito de voltar para a vida dela, porque Tamara já desperdiçou dez anos da vida dela com migalhas emocionais, enquanto eu sempre a observei de longe, esperando uma oportunidade para mostrar meu valor. Colocarei o mundo diante dela sem receio algum, oferecendo tudo que sempre mereceu, desde proteção até aconchego, porque desejo apagar cada lágrima que ela derrama por aquele covarde. A noite no bar se transformou no ponto de virada perfeito quando presenciei a humilhação cruel que Pedro provoca diante de todos naquela boate; sentia a raiva subir em direção perigosa. Me deu vontade de atravessar o salão e arrebentar a cara dele. Ela sai ferida demais, e fui atrás; era a chance surgindo como um chamado inevitável, porque finalmente poderia me aproximar sem parecer invasivo, oferecendo apoio no momento exato. Alguns poderiam pensar que me aproveitei do sofrimento dela, porém enxergo de outra forma: Tamara finalmente percebeu que carinho verdadeiro existe em braços diferentes daqueles que desprezam seu valor. Agora que sinto a entrega dela, não existe força capaz de afastá-la de mim, pois despertou o que sempre permaneceu escondido dentro de mim, a mesma sensação que ninguém antes provocou em meu coração. Tento inúmeras vezes criar vínculo no passado, tentando demonstrar interesse sincero, porém ela seguiu cega pelo encanto infantil que nutria por Pedro, enquanto ignorava meu olhar persistente. Hoje tudo mudou, porque ela se tornou minha, e não deixarei que qualquer sombra atrapalhe o futuro que pretendo construir ao lado dela, mesmo que trabalhe em silêncio para afastar certos abutres. Estou imerso nos próprios pensamentos quando a voz suave dela invade minha concentração. — Malik, de onde conheço você? Sinto familiaridade quando olho para você. Forço um sorriso tranquilo, sem revelar demais. — Na hora certa contarei. Naquela época, seus olhos só focavam exclusivamente no Pedro Albuquerque. Ela revira os olhos irritada, apertando o garfo com força evidente. — Nem comente. Inacreditável que desperdicei tanto tempo com um idiota assim. Isso terminou. Quero o melhor para mim de agora em diante. Aproximo o meu rosto no dela com um olhar firme. — E você terá. Sou o melhor para você, Tamara. Sou sua escolha perfeita! Ela sorri de lado, como se lutasse contra a própria reação ao meu tom seguro. — Você demonstra convicção demais. Pego uma uva com uma leve provocação, sem pressa respondi: — Demonstrar convicção não impede sinceridade. Agora que tive você nos meus braços, não imagine que fugirá de mim. Serei uma presença constante na sua vida. Você é minha… Ela solta uma risada suave, levando a xícara aos lábios. — Então possuo alguém possessivo e obcecado por mim. Correto? Respondo com o sorriso que guardo para momentos estratégicos. — Algo nesse estilo. Obsessão pode soar intensa, porém dedicação encaixa melhor na situação. Tamara arqueia uma sobrancelha, avaliando cada nuance da minha expressão, enquanto percebo que a confiança dela se reconstrói, centímetro por centímetro, bem diante de mim. A vibração entre nós cria promessa silenciosa, marcando o começo de algo que espero há muito tempo e pretendo proteger com todas as armas disponíveis. E, quando ela volta a sorrir, compreendo que finalmente inicio a história que sempre desejei escrever ao lado dela, que está se concretizando. Sorrio, uma história que não permitirei que ninguém destrua. O café termina, e observo Tamara repousar a xícara com um suspiro leve que entrega a tranquilidade recém-descoberta. A luz suave do domingo atravessa as cortinas da suíte, iluminando esse rosto que desejo guardar por muito tempo. Inclino o corpo para frente, apoiando os braços sobre a mesa, e decido puxar a manhã para um rumo mais interessante. — Que tal um passeio de barco? — pergunto com naturalidade. — O dia está perfeito. Ela ergue o rosto de imediato, animada, os olhos brilhando com aquela faísca que sempre me desarma. — Seria ótimo. — O entusiasmo dura poucos segundos antes de murchar. — Mas não posso ir. Não trouxe biquíni. Solto uma risada baixa, quase com provocação. — Isso nunca será um problema, meu amor. Posso comprar uma loja inteira se você quiser agora mesmo! O sorriso dela surge espontâneo. — Você demonstra exibicionismo demais. Puxo sua cintura, aproximando nossos corpos até sentir a sua respiração quente tocar meu maxilar. — Ainda não percebeu? Pretendo tratar você como uma rainha daqui para frente. Os olhos dela mudam, assumem brilho desconfiado, curioso, talvez assustado. Passa a língua pelos lábios sem perceber o efeito devastador que provoca em mim. Porra, estou ficando duro. — Não estou acostumada com esse tipo de tratamento. — Ela confessa. Inclino a cabeça, segurando seu rosto com leveza. — Então acostume-se. Sua vida muda a partir de hoje. Aproximo minha boca da dela e a beijo com vontade, guiando a sua entrega como se fosse um idioma que sempre conhecemos. O desejo cresce rápido, quase feroz. Sua mão desliza pelas minhas costas, e sinto a pele arrepiar com o toque cuidadoso que me deixa ainda mais certo de que não pretendo soltar essa mulher tão cedo. Quando o beijo aprofunda, o celular dela toca sobre a mesa, vibrando sem vergonha nenhuma. Ela ri, afastando o rosto apenas o suficiente para alcançar o aparelho, enquanto beijo seu pescoço devagar. — Alô? — atende, ainda sorrindo. Escuto a voz de um homem do outro lado. Por pouco não rosnaria. Era Pedro. Ódio instantâneo percorre minha coluna. — Tamara, onde você está? Venha aqui fazer minha comida de ressaca. Ainda chateada por ontem? — ele exige, como se possuísse algum direito sobre ela. Tamara revira os olhos com força. — Você demonstra soberba demais, Pedro. Não sou sua empregada. Apaga meu número e me esquece… O tom dele sobe, carregado de agressividade disfarçada de posse. — Se não vier… não perdoarei você por ontem. Por me fazer passar vergonha. — Não necessito do seu perdão, seu idiota! Vá para o inferno… — ela rebate com firmeza. Para causar mais impacto, comentei. — Com quem fala nesse celular? Larga isso agora e venha para cá. Estou cheio de amor para dar. O riso dela ecoa pelo quarto. Gostando da provocação. — Tamara, você está com um homem? — Pedro perguntou e parece agitado do outro lado da linha. — Isso não lhe diz respeito. Não interfira mais na minha vida. Sinto o sangue pulsar na têmpora. Não tolerarei a aproximação dele. Aproximo-me da boca dela, pressiono um beijo lento em sua clavícula e deslizo a mão até o celular. Antes que ela perceba, tomo o aparelho da mão dela. — Ela está ocupada, cara, liga outra hora! A voz irritada de Pedro ainda sai pela linha: — Tamara, com quem você está? Respondo num tom firme, sem elevar a voz. — Com alguém muito gostoso. Que está mostrando o que é um homem de verdade! Ele reage de imediato: — Quem é você? Passe o telefone para ela agora. — Não. — Encosto o dedo no botão e encerro a chamada sem permitir réplica. Tamara arregala os olhos, chocada. — Por qual motivo faz isso? Seguro sua cintura novamente, aproximando o rosto do dela sem perder a calma. — Para que ele compreenda, de uma vez por todas, que perdeu você. Nada liga vocês dois agora. Você é minha… Ela inspira fundo, ainda surpresa, talvez sem saber se me repreende ou agradece. — Malik… não pode decidir por mim. — Não decido nada — acaricio o maxilar dela. — Apenas deixo claro o que ele recusou enxergar. Você merece respeito. E quero ser a primeira pessoa a oferecer isso. A respiração dela vacila no ar. — Você fala como se… — Como alguém que cuida de você — completo, aproximando mais uma vez a boca da dela. — E que não permitirá que retornem para pessoas que machucam seu coração. Ela toca meu peito com as pontas dos dedos, gesto sutil que diz mais do que qualquer frase poderia revelar. — E se eu disser que não sei o que fazer com tudo isso? — Então permita que eu mostre — sussurro, antes de beijá-la devagar, como promessa que não pretendo quebrar. Farei ela compreender que Pedro Albuquerque se tornará apenas uma sombra distante. Tamara agora respira no meu mundo e pretendo mantê-la aqui.






