O carro preto atravessou o portão da mansão com lentidão incomum. Nem Morandi comentou. Ele já conhecia aquele silêncio , o tipo que não nascia do perigo, mas de algo mais profundo, mais humano… e raramente visto em Matteo DeLuca.

A visita ao túmulo de Frederico Lupiani deixou Matteo com o rosto sombrio, o olhar perdido em algum ponto que não estava dentro do carro. Morandi, do banco do passageiro, respeitava o luto silencioso do chefe. Sabia que, quando Matteo mergulhava tão fundo em memórias, palavras eram inúteis. Nem adiantava perguntar nada , nem puxar assunto.

O carro parou na entrada principal. Matteo saiu sem esperar que o motorista abrisse a porta. Passou pelo hall sem tirar o casaco e subiu as escadas devagar, como se cada passo fosse mais pesado que o anterior.

Do alto, a casa parecia ainda mais vazia.

O corredor que levava aos quartos estava silencioso, exceto pelo som distante de alguém arrumando algo na ala oeste. Matteo passou a mão nos cabelos, respirou fundo e parou d