05. A Mansão

O carro deslizava pelas ruas estreitas, cortando o amanhecer. Sofia estava desacordada, deitada no colo de Matteo .

Matteo  por sua vez estava  em silêncio, seu semblante como sempre , muito sério. Olhava para a estrada , e olhava para Sofia . A presença dela preenchia o espaço. Era motivo de preocupação . Pela primeira vez , Matteo estava preocupado  . Até Morandi percebeu  .

- Nunca vi o Senhor tão preocupado , Chefe. 

- Deve ser porque você nunca me viu passar por isso . Eu fico me perguntando o que Frederico Lupiani faria numa situação dessa . 

- Talvez ele já teria eliminado . O Senhor entende o que eu quero dizer né?

- Claro que eu entendi . Você nunca me viu errar ao fazer escolhas , Morandi . Espero que eu não tenha errado dessa vez . 

- O Senhor sabe que pode contar  comigo , Chefe . Estamos chegando num posto de gasolina . Acho melhor abastecer  . A gasolina já está na reserva. 

- Faça o que tem que fazer  . 

Chegaram no posto de gasolina . Morandi estacionou perto da bomba de gasolina . 

- Complete o tanque por favor .  - Morandi entregou a chave para o frentista abastecer o carro. 

Enquanto isso , sem que ninguém percebesse , Sofia foi acordando aos poucos . Abrindo os olhos lentamente.

- Chefe , a loja de conveniência daqui tem um café que é uma delícia . Vai querer alguma coisa ? Está com fome?

- Quando você fala isso , é porque você é que está com fome , Morandi. Pode ir , sem problema. 

- Obrigado , Chefe. Eu não demoro . 

Neste momento , o frentista se aproximou do carro , devolveu a chave . Morandi pagou em dinheiro . Ligou o carro , e estacionou o carro mais próximo da loja de conveniência . Desceu do carro e entrou na loja . 

Sofia começou a se mexer , e esfregou os olhos . 

- A bailarina acordou . Teve bons sonhos ?

Sofia se levantou abruptamente  . Olhou assustada pelo vidro do carro . 

- Que lugar é esse? Onde eu estou? SOCORRO!!!!  ESTOU SENDO SEQUESTRADA!!!!

Matteo tapou a boca de Sofia com sua mão. 

- Shshshsh .... fica quietinha... quer dormir de novo? Não teste a minha paciência , bailarina . Eu não tenho muito. 

Sofia congelou , começou a se dar conta que não ia conseguir nem sair daquele carro . Começou a chorar , mas sem fazer barulho . 

- Posso soltar agora? Promete que vai se comportar direitinho?

Sofia balançou a cabeça dizendo que sim . Matteo soltou . Sofia respirou fundo . Mas nada disse . Mais uma vez se sentiu em estado de bloqueio.

Morandi chegou .

- Chefe, eu acabei trazendo café e um lanchinho para o Senhor também . Ué... a bailarina acordou ?

Sofia nem respondeu nada . 

- Rápido , Morandi . Estou com pressa. Vou comer em casa . A não ser que a bailarina esteja com fome . Quer comer alguma coisa? - Perguntou Matteo olhando fixamente para Sofia . 

- Nem pensar ! E se essa comida estiver envenenada ? Eu não confio em vocês! 

- Se essa comida estiver envenanada , então eu vou morrer aqui na frente de vocês . - Respondeu Morandi quase dando gargalhada . 

Morandi entrou no carro , e a viagem continuou .  No banco da frente, Morandi as vezes desviava o olhar para o retrovisor, observando Matteo discretamente. Havia algo naquele olhar que ele nunca tinha visto antes. Algo quase… humano.

A mansão DeLuca ficava afastada da cidade, cercada por ciprestes, arbustos , árvores , vegetação e silêncio. Quando o portão de ferro se abriu, Sofia sentiu um arrepio percorrer a espinha. Nunca  na vida ela tinha visto uma casa tão grande.

O carro parou diante da entrada principal.

Matteo saiu primeiro. Estendeu a mão, um gesto inesperadamente cortês. Morandi até se assustou , nunca tinha visto Matteo fazer aquilo.

Ela hesitou, mas acabou aceitando.

A pele dele era quente. O toque, firme.

-  Bem-vinda ao inferno, bailarina. - murmurou, enquanto a guiava para dentro.

O interior da mansão era luxuoso, mas frio. Mármore, vidro, silêncio. Cada detalhe gritava poder , controle e solidão. Muito brilho , muita limpeza , muita organização.

Sofia olhou ao redor, confusa.

-  Você vive aqui sozinho? - perguntou Sofia.

Matteo respondeu sem emoção:

-  Solidão é o preço do poder. Tudo na vida tem um preço que a gente tem que pagar . 

Ela o fitou por um longo momento.

E pela primeira vez, Matteo desviou o olhar.

Morandi se aproximou.

- Onde quer que ela fique?

Matteo respirou fundo.

- No quarto do andar superior. Porta trancada. Não a perca de vista . 

Sofia ergueu o queixo, desafiadora.

- Trancada? Serei tratada como prisioneira?

Matteo se virou, a expressão impassível.

- É pra te proteger, lembra? Fique tranquila . Eu pretendo te tratar bem . Descanse um pouco , tome banho Sinta-se em casa . 

Ela riu, amarga.

- Me proteger de quem? De você?

Ele se aproximou, parando a poucos centímetros dela. Os olhos se encontraram, e o mundo pareceu se calar.


 -  Principalmente de mim.  -  disse ele, num sussurro.

E então se afastou, deixando o ar mais leve  , e o coração dela, aos pulos. Por dentro , Sofia não conseguia se acalmar.

Lá fora, a chuva recomeçou a cair. Do alto da janela de seu quarto,  Sofia observava o jardim escuro da mansão.

E pensava em uma única coisa: “Eu deveria odiá-lo… mas por algum motivo, não consigo.”

Abriu a mochila . Pegou camiseta, calcinha, uma calça jeans , sutiã . Decidiu tomar um banho . 

Ao entrar no banheiro , ficou impressionada com tanto luxo  . Olhou para aquela banheira linda, branca , brilhante. Nunca tinha visto nada igual . Só pela TV . Encheu a banheira , entrou e pela primeira vez , Sofia conseguiu relaxar , respirar . Ela precisava daquele silêncio, um pouco de tranquilidade.

Enquanto isso, no andar de baixo, Matteo observava o copo de uísque sobre a mesa, o olhar distante.

Morandi aproximou-se devagar.

- Matteo… o que ela significa pra você?

O Mafioso ficou em silêncio por um longo tempo.

Depois respondeu, com voz rouca:

- Nada. Ainda.

Mas o brilho em seus olhos dizia o contrário.

- Mande levar o jantar para ela . A coitada deve estar com fome . 

- Sim, Chefe . Vou pedir para a Clarissa . Posso fazer mais um pergunta ?

- Pode fazer , Morandi.

- Por quanto tempo ela vai ficar aqui?

- Ainda não sei , Morandi . Pela primeira vez em anos na minha vida , eu não tenho plano nenhum . Eu não planejei absolutamente nada .  O que eu posso dizer é que fiquei desesperado naquele momento ... ela viu tudo  ..... eu não estou  me  reconhecendo .... eu não costumo errar .

- Eu também não estou reconhecendo  o Senhor . - disse Morandi antes de ser retirar .

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