ABNER MIGUEL
Hoje fico a imaginar o quanto fui ingénuo, acreditei em meias verdades, o que aquela mulher falava era real para mim, principalmente após ter ficado grávida, coloquei ela numa redoma de vidro, tinha medo que algo acontecesse com a criança, o medo de perder outro filho era constante na minha vida, por isso, tudo que pedia, queria falar, eu fazia, tudo para que o meu filho viesse a vida com saúde.
Quando a clínica ligou, resolvi ir ver a mãe dela, saber o que de real existia ali, qual era a verdade.
Uma médica atendeu-me, identifiquei-me com genro da mulher, então ela foi a colocar tudo.
— Senhor Miguel, fui atrás dos arquivos médicos da paciente, quando ela foi internada aqui. O que descobri é assustador, essa mulher está viva por um milagre. Ela foi espancada, e****, sodomiza@da, e teve a garganta cortada, a abandonam numa estrada para morrer, um caminhoneiro a encontrou, dando os primeiros socorros. Ela ficou internada na unidade intensiva, por mais de dois meses, sem ninguém da família ir atrás. Por fim, uma vizinha viu o anúncio da desconhecida no hospital, a filha foi no hospital, que já tinha organizado tudo para a mulher receber uma pensão. A firma onde ela trabalha, havia chegado antes, ela era uma CEO, com alto salário. A filha ficou com a pensão, pois iria cuidar da mãe. O senhor desculpe-me, a sua esposa, não está a seguir as recomendações médicas, desde que ela veio para cá, já tem se recuperado bastante. Não irá voltar a andar, pois foi quebrado várias vértebras, a fala também foi danificada, mas hoje consegui se comunicar com dificuldade.
-Eu poderia conversar com ela?
— Sim, ela está no jardim.
Fui levado até onde ela estava, sentei num banco ao lado.
— Bom dia dona Dara, sou Miguel, esposo de Dalila.
Ela olhou-me espantada, com medo no olhar.
— Olha, eu sou o marido dela, estou a pagar esse lugar, mas descobri que não conheço a mulher com quem sou casado. A senhora pode falar.
— Ela não presta, mande embora, ela quer apenas o seu dinheiro, ela e o meu marido, amantes, vão fazer com você o que fizeram comigo.
Precisei chegar perto, para escutar melhor.
— Matar você, depois que ficar grávida e a criança nascer, escutei, ia escrever-te, mas bateram-me.
— Ela perdeu o nosso primeiro filho, disse que foi ele.
— O filho, era dele, por isso tiraram. O hospital, ela pagou para mentir, ela quer te matar, seu dinheiro.
Aquelas palavras assustaram-me.
— Quando saber que veio vai matar-me, mas vou dizer a verdade. Ela e o meu marido, amantes, tentaram matar-me, so querem dinheiro, os machucados dela, fazem parte das brincadeiras dos dois, eles são doentes, ele fica ainda mais machucado que ela, fugir, não consigo.
— Não a senhora não consegui, mas estará protegida aqui.
— Cuidado.
A mulher estava fraca, apesar do tratamento, tinha o rosto todo cheio de cicatrizes, a médica disse que no relatório, estava que ela foi atingida por pedaços de vidros, que tinha por todo o corpo, não tinha uma das visões, pois teve o olho perfurado, todo o corpo da mulher foi ferido, apenas agora ela conseguia falar, mas não queria denunciar, pois temia que eles voltassem.
Saí daquela clínica transtornado, liguei para um conhecido que tinha uma agência de investigação.
Coloquei alguém atrás de Dalila, iria confrontá-la, precisava de provas, não iria apenas com palavras, ela não ia escapar.
Uma dor era maior, a de saber que talvez o filho não fosse meu, o sonho de ser pai, de ter alguém com o meu sangue, chamando-me pai, agora poderia ser um pesadelo, pois talvez a criança, não fosse minha, isso doía muito, pois já o amava.
Assim foi a levar, enquanto ia a juntar provas contra ela, foi fácil descobrir onde ela mantinha o amante, ou melhor, marido da mãe dela. Ela estava a bancar ele, que morava num apartamento próximo onde morávamos, vivia uma vida de luxo com o meu dinheiro.
Esperei completar sete meses de gravidez, foi fácil, ficar longe dela, que começou a deixar comida feita, claro que não aceitaria nada vindo das mãos dela.
Na consulta médica, fui antes, e entreguei para a médica um pedido para colher material para um teste de DNA, ela não saberia de nada, o bom que sempre assinava tudo que pedia sem ler.
No dia do exame, ela pensou ser rotina, nesse dia descobri que era uma menina, nem sabia se ficava feliz, pois aquela criança que tanto amava, poderia não ser minha filha.
O resultado chegou uma semana depois.
A criança por sorte era minha filha, mas faria de tudo para manter longe de Dalila, já ia dar metade do que era meu, daria tudo se necessário fosse, mas iria tirar a guarda dela, nunca deixaria ela aproximar-se da minha filha, ainda mais descobrindo os gostos dela.
Chamei o meu advogado, o mesmo que fez os papeis do casamento faria do divórcio.
— Paulo, preciso que providencie os papeis do meu divórcio, pode oferecer bem mais do que ela tem direito, a única coisa que quero e a guarda da minha filha.
— Miguel, você é um homem de negócios muito eficiente, admiro muito você, porém, esse casamento deixou-lhe muito cego.
— Eu sei disso Paulo, mas algo bom vai sair disso, ficarei com a minha filha, sem falar que a interesseira se deu m@l, pois já não sou herdeiro dos meus pais, lembra.
— Ela deu-se m@l de todos os lados. Quando digo que ficou cego, foi que caiu na armadilha do seu pai. Quando ele pediu, eu disse que não daria certo, pois conheço a sua competência.
— Do que está falando?
— O seu casamento, foi com separação total de bens, e ainda com um acordo pré-nupcial, onde aquele que cometesse traição, teria que pagar uma indenização para o outro. O seu pai disse que se ela fosse boa, e você fosse covarde com ela, ela estaria protegida, o contrato foi assinado por vocês sem ler.