CAPÍTULO 8



Estou dormindo um sono tão gostoso.

É como se eu tivesse nas nuvens.

Meu corpo flutuando sobre a cama.

Minha alma está leve.

Me sinto tão bem.

Mas um barulho alto me faz acordar.

Sento na cama assustada.

Luiza me encara fazendo uma expressão engraçada.

- foi mal, não queria te acordar!- ela diz.

Balanço a cabeça e coço os olhos.

- tudo bem...- digo bocejando.

Respiro fundo e espreguiço.

Olho para o relógio ao meu lado e me assusto ao ver que já passa do meio dia.

Arregalo os olhos e a encaro.

- nossa, já é isso tudo?- pergunto.

Ela da risada e afirma com a cabeça.

- você estava em um sono muito pesado, decidi não te acordar!- ela diz passando por mim.

Me levanto e balanço a cabeça.

- não precisa de cerimônia, estou aqui de favor!- digo.

Ela me encara e coloca uma mão na cintura.

- você é minha melhor amiga, quase irmã, nunca mais diga isso!- ela diz seria.

Apenas a encaro.

Ela senta na "minha" cama e faz um sinal para eu sentar também.

Sento novamente.

Ela pega minha mão.

- você não está aqui de favor, aqui é sua casa, eu odeio vê o jeito que você é pisada naquele inferno...- ela diz.

Suspiro e dou um sorriso.

- obrigada amiga, mas não ficarei muito tempo por aqui!- digo.

Ela cerra os olhos.

- vamos deixar uma coisa clara, sua mãe iria ficar de coração partido ao te ver naquela situação, pare de se torturar!- ela diz.

A encaro por alguns segundos.

Ela sorri.

- você pode ficar aqui comigo!- ela diz.

Levanto uma sobrancelha.

- morar aqui?- pergunto.

Ela da um sorriso largo e afirma com a cabeça.

- claro, a gente divide as despesas e os serviços da casa!- ela diz.

Dou uma risada nervosa.

- você tem certeza? Não quero que você faça isso por pena!- digo.

Ela balança a cabeça.

- claro que tenho certeza, eu vou ficar muito feliz em ter sua companhia o tempo todo!- ela diz.

Dou um sorriso largo.

Concordo com a cabeça.

- então eu fico!- digo.

Ela da um gritinho e me abraça apertado.

- você não sabe o quanto é libertador te vê longe daquele lugar e de pessoas que te faziam tão mal!- ela diz.

Dou um longo suspiro.

Por incrível que pareça, eu também me sinto mais leve.

Confesso que passei os últimos dias chorando, mas agora eu vejo que nosso término não passou de um livramento.

Luiza levanto da cama animada.

- oque você acha da gente preparar um strogonofe?- ela pergunta.

Fecho os olhos e sinto minha boca salivando.

- ahh, vamos!- digo me levantando.

Fomos rapidamente até a cozinha.

Cada uma vez uma coisa.

Eu fiz o arroz branco e a salada e ela o strogonofe e organizou a mesa.

Logo após o almoço nos duas arrumamos aquela bagunça juntas.

Pela primeira vez em muito tempo eu estava realmente feliz.

Entro no quarto olhando para os lados.

- eu preciso das minhas roupas!- digo.

Ela me encara.

- quer ir buscar?- ela pergunta.

Suspiro e me jogo na cama.

- não sei, tenho medo...- digo.

Ela me encara.

- eu vou com você!- ela diz.

A encaro por alguns segundos e concordo com a cabeça.

Depois de muito lutar contra mim mesmo nos fomos.

Fomos no velho fusquinha branco da luiza.

Minha amiga é uma mulher batalhadora.

Perdeu os pais ainda tão nova.

Morou em abrigo.

Chegou a morar na rua até os seus dezoito anos.

E oque mais me dói.

Teve que vender o seu próprio corpo pra se alimentar muitas das vezes.

Mas ela passou por cima de tudo.

Trabalhou muito e até deixou de comer, mas conseguiu comprar sua casinha.

Comprou o seu fusquinha e não sente a mínima vergonha de andar com ele por aí.

Hoje em dia ela até faculdade faz.

Ela faz pedagogia, seu amor por crianças é tão grande.

Aos poucos ela vem conquistando tudo ao seu redor.

Ela estaciono em frente a casa do meu pai e descemos.

Ela segurou forte a minha mão.

Bato na porta.

Alguém olha pela janela e logo a porta é aberta.

- sabia que você voltaria igual a uma cachorra!- minha madrasta diz baixinho.

A encaro.

Passo por ela entrando naquela casa.

Olho ao redor.

Aquilo está um lixo.

Bagunças por todo o canto, até mal cheiro tem.

Olha oque fizeram em dois dias.

- ainda bem que você voltou, não aguentava mais ficar no meio dessa bagunça!- meu pai diz.

O encaro sentado no sofá.

Balanço a cabeça.

- voltei sim, mas apenas para pegar minhas coisas!- digo.

Ele tira o jornal do seu rosto e me encara.

- como é que é?- ele pergunta.

Dou uma risada nervosa.

- isso mesmo que você entendeu, vou pegar minhas coisas e vou embora desse inferno!- digo.

Ele se levanta.

- você tá doida? Só por causa de uma besteira!- ele diz.

Naquele momento eu descobri que até meu pai sabia de toda aquela putaria.

Sabe oque é pior? Aquilo não me surpreende.

Já ouviu aquele ditado? O homem só ama os filhos enquanto está com a mulher?

Porque isso se encaixa perfeitamente ao meu pai.

- não, eu vou embora porque estou cansada de toda essa nojeira!- digo.

Passo por ele e vou para o meu quarto.

Luiza me ajudou a guardar todas minhas coisas.

Roupas, sapatos, maquiagens e coisas pessoais.

Logo saímos do quarto com minhas coisas na mão.

Quando entro na sala encontro os três ali.

O rosto da lorena ainda está arranhado.

A encaro.

- sabe oque eu não entendo? Como você aguentava ir pra cama com o michael, porque p**a merda! eu só transava com ele porque ainda levava em consideração todo o tempo que tínhamos juntos...- digo a encarando.

Ela me encara com uma expressão de raiva.

Dou uma risada nervosa.

- já te agradeci?- pergunto.

Ela levanta uma sobrancelha.

- pelo que?- ela pergunta.

Dou um longo suspiro e sorrio.

- por me livrar de toda essa merda, porque se eu não te pegasse na cama com meu ex, eu ainda estaria aqui sendo escrava de duas vadias folgadas por causa de um homem que não da a mínima pra mim, estaria em um relacionamento com um verdadeiro babaca e ainda estaria infeliz comigo mesma, obrigada!- digo o mais sarcástico possível.

Passo por eles.

- você acha que sua mãe está feliz vendo isso?- ouço a voz do meu pai.

Viro pra trás.

- com certeza está mais feliz do quando eu era pisada por vocês!- digo e saio batendo a porta.

Naquele momento parece que uns vinte quilos saíram das minhas costas.

Eu estava me sentindo tão leve.

Voltamos pra casa e eu organizei minhas coisas em um cantinho que a luiza me cedeu.

Passamos o resto do dia assistindo filmes, comendo pipoca e brigadeiro.

Fazia tanto tempo que não me sentia bem de verdade.

Eu estava presa em uma falsa felicidade e não via.

Mas agora eu serei feliz, sem me importar com ninguém...

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