P.D.V de Ethan
Quase um ano se passou desde a minha festa de dezoito anos. E, nos últimos seis meses, a saúde do meu pai entrou em declínio. Foi doloroso de assistir. Havia dias em que ele mäl se lembrava de quem eu era. Acordava gritando, às vezes chorando. Dizia que o “Nada” falava com ele — o escuro, o vazio. Que o chamava.
Sempre que esses pesadelos vinham, ele me chamava. Me pedia perdão.
— Se eu pudesse, teria feito diferente... — dizia com a voz trêmula, olhando para o vazio. — Mas, ao mesmo tempo há uma ambiguidade nisso tudo. Porque eu sou grato por você existir. E, se eu não tivesse feito o que fiz, você talvez não estivesse aqui.
Ele falava muito sobre ironia. Gostava de refletir sobre os paradoxos da vida. Às vezes, tentava até brincar com isso, mesmo nos momentos mais difíceis.
— Filho, não existe viagem no tempo. — dizia, com um sorriso fraco — Porque se o evento que motivou a viagem fosse desfeito, não haveria motivo para a viagem ser inventada. Então o evento acab