Mundo ficciónIniciar sesiónClara Vasconcelos
A manhã nasceu tímida, banhando o quarto em um tom dourado que parecia dissolver os restos da noite anterior. A luz filtrava-se pelas frestas da cortina, delicada como renda antiga, desenhando formas sobre o lençol amassado. O ar trazia o perfume leve do jasmim do jardim, misturado ao toque adocicado do algodão e ao calor ainda presente entre os travesseiros. Respirei fundo, devagar, como quem desperta de um sonho que ainda não terminou.
Por um instante, acreditei que tudo o que havia acontecido era apenas isso, um sonho. Um delírio nascido da tempestade, do medo e da solidão. Quis acreditar nisso. Mas bastou virar o rosto para o lado para que a verdade me golpeasse: o travesseiro ao lado ainda guardava o perfume dele.
Aquela fragrância inconf







