”O orgulho lhe custará tudo e o deixará sem nada.”
Lucca Ferraro
Permaneci na sala depois que ela saiu. O silêncio que se instalou não era apenas ausência de som, era um tipo de castigo. O tipo de silêncio que pesa sobre os ombros, que preenche os cantos da alma, sufocando qualquer tentativa de raciocínio. Eu fiquei ali, imóvel, como se o corpo tivesse esquecido a própria função de respirar.
As palavras dela ainda vibravam no ar, como um eco que se recusava a morrer.
“E você não é o homem que eu imaginei.”
A frase se repetia em minha mente, cortando em intervalos irregulares, afiados. Cada repetição era uma lâmina nova, e cada golpe abria uma ferida mais profunda do que a anterior. Fechei os olhos, tentando conter o impacto, mas o som da voz de Clara continuava a atravessar tudo: as paredes, o chão, o meu peito.
Aquela sentença, dita com a voz embargada, me atravessou de forma mais cruel do que qualquer ofensa já recebida. Ela não gritou, não me atacou, não precisou levantar a voz.