Clara Vasconcelos

O salão ficou para trás como um cenário apagado de repente, quando Lucca me puxou pelo braço com uma firmeza que queimava mais do que apertava. Eu mal tive tempo de perceber os olhares curiosos, as conversas interrompidas e os sussurros que ficavam para trás. Tudo se transformou em um corredor estreito, iluminado apenas por pontos de luz amarelada, onde nossos passos soavam pesados, ecoando como tambores de guerra.

Cada passo dele parecia um golpe seco contra o chão, e cada passo meu era mais pesado, como se os saltos grudassem no mármore, arrastando todo o peso da mentira que eu carregava. Senti o calor da mão dele atravessar o tecido do meu vestido, queimando minha pele como uma marca invisível, e no peito, o coração batia rápido demais, descompassado com o ritmo do mundo.

Ele não disse nada durante o trajeto. Apenas me conduziu como quem arrasta alguém para um julgamento privado. A tensão no ar era tão densa que eu quase podia sentir seu gosto metálico na boca. A