Clara Vasconcelos
O nome dele surgiu dentro de mim antes mesmo que eu pensasse. Não precisei chamá-lo. Não precisei organizá-lo em sílaba alguma. Ele apenas veio, como água que encontra seu próprio caminho entre pedras, como quem sabe o trajeto mesmo sem mapa.
Lucca.
Meu norte, meu perigo, meu lugar.
E com o nome vieram as lembranças, cada uma mais viva que a anterior, como se tivessem ficado guardadas atrás das pálpebras esperando o momento certo para se libertar.
A lembrança dos dedos dele entrelaçando os meus, firmes, quentes, garantindo que eu não me dissolvesse. A lembrança do peito onde eu adormecia menos cansada, como se meu corpo entendesse que ali, e só ali, podia baixar a guarda.
A lembrança do riso que a pele dele tinha quando encostava na minha, aquela pequena vibração que deslizava como faísca e encontrava todos os meus pontos fracos com precisão.
Tudo isso encontrou um canto dentro de mim, justo entre a lâmina da dor que me acompanhou o dia todo e a palma cálida da es