Clara
A campainha da floricultura soou quando a porta se abriu, mas eu estava concentrada demais equilibrando um vaso pesado na prateleira para olhar quem era, talvez fosse um dos clientes de sempre.
— Bom dia! — disse automaticamente, ajeitando as folhas que estavam tortas.
— Bom dia, Clara.
Meu corpo travou no mesmo instante.
Aquela voz... eu nunca esqueceria aquela voz.
Devagar, girei nos calcanhares, e meu coração quase parou ao ver quem estava ali.
Caio.
Ele estava mais alto, mais maduro, mas o sorriso torto ainda era o mesmo. O cabelo mais curto do que eu lembrava, os olhos castanhos brilhando como antes. Por um momento, tudo ao meu redor desapareceu. Eu tinha quatorze anos de novo, olhando para o meu melhor amigo e lutando contra a paixão boba que sentia por ele.
— Caio? — minha voz saiu quase num sussurro. O espanto me tomou aquele momento e eu estava feliz em vê-lo novamente.
Ele sorriu, enfiando as mãos nos bolsos da calça jeans.
— Achei que você fosse demorar m