Os dias passaram rápido. Dois meses voaram e eu nem percebi. Minha barriga estava enorme. Nesses últimos meses, o bebê se desenvolveu bastante. Meus pés começaram a inchar um pouco e comecei a sentir incômodo na coluna. Ao chegar à sala de descanso, depois de uma manhã agitada na emergência, encontrei duas colegas conversando.
— Essa história é abominável — comentou uma delas.
— Pior que ela não sente um pingo de vergonha. Fica exibindo a barriga no ambiente de trabalho — disse a outra. Naquele momento, minha paciência resolveu dar uma volta, e me deixou sozinha.
— Uma dúvida: essa conversa é sobre mim? — perguntei, e ambas me olharam, mas não disseram nada. Sempre assim. Falar pelas costas era fácil demais. — O silêncio de vocês já responde minha pergunta. Agora, deixe-me explicar uma coisa, já que demonstram tanta ignorância sobre o assunto.
— Entendam como quiserem, mas isso aqui… — passei a mão na minha barriga — é o que chamam de barriga solidária. Já ouviram falar, né? Pois bem,