Felipe
O motor da lancha rugia contra as águas enquanto nos aproximávamos do galpão seguro. O vento cortante da noite não era nada comparado ao frio que senti ao olhar para as meninas resgatadas.
Eram apenas crianças e adolescentes, destroçadas por um sistema cruel e implacável.
Algumas estavam conscientes, mas seus olhos vazios mostravam que o trauma era profundo.
Outras precisavam ser carregadas, tão fracas que mal conseguiam erguer a cabeça.
As duas meninas mais debilitadas estavam nos braços de Vitor e de mim. A que eu carregava pesava quase nada.
Apenas pele e ossos. Sua respiração era rasa, e sua pele estava pálida demais.
Assim que a lancha atracou, Camila e Helena vieram correndo ao nosso encontro.
— Meu Deus! Helena levou a mão à boca, os olhos arregalados de horror ao ver o estado das meninas.
Camila, por sua vez, congelou ao ver os rostos pálidos e assustados. Seus olhos percorreram as meninas freneticamente, como se buscasse por algo ou alguém.
Vitor pa