22- Ela é a escolhida

Conde Eros

A peça de roupa cor de lavanda repousava sobre a colcha escura como uma afronta ao meu senso estético apurado. Lilás, a cor jamais havia ousado macular a paleta sombria que definia minha existência. Preto, o abraço elegante da noite, cinza, a melancolia sofisticada do crepúsculo, vermelho, o sangue jorrando do pescoço de um humano, esses eram os tons que adornavam minha imortalidade. Lilás era um insulto a minha aura de poder e mistério.

Luara, a humana insignificante, que de alguma forma inexplicável, havia se tornado um espinho constante em minha existência milenar. Matar, lento e dolorosamente, a ideia possuía um certo apelo visceral, uma forma de restaurar a paz que me perturbava. No entanto, uma ponta de curiosidade, uma faísca de vaidade talvez, me fez vestir a peça. Não iria a aquela farsa de matrimônio, é claro, mas a mera possibilidade de constatar meu reflexo adornado por aquela cor, era uma tentação irresistível.

Fitei minha imagem no espelho antigo, a moldur
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