Mundo ficciónIniciar sesión— Tia, meu pai saiu para beber. — disse Dennis, o filho mais novo de Sônia e Evan. — Hoje nós não vamos poder brincar.
— Ô meu querido... — Érika abraçou e beijou a cabeça cheia de fios loiros do sobrinho. O menino era o filho mais novo de três. Antes dele havia Giovanna e Renan. Giovanna era a mais velha e tinha 15 anos, e Renan, o filho do meio, com 13 anos. Sônia era esposa de Evan, o irmão por parte de pai que morava próximo a Érika e viciado em álcool. A verdade é que o apego de Érika era pela cunhada e os sobrinhos. Ela não tinha nenhuma aproximação com o irmão e nem queria, até porque o fato de ela ser mãe solteira, independente e barrar totalmente o acesso dele a vida dela, o deixava furioso; afinal, isso ia contra todo o machismo dele. — Oi Érika! — Sônia surgiu na porta. — Cadê pingo? — perguntou a mulher de longos cabelos negros e pele extremamente branca, com um aspecto envelhecido e o cansaço de uma dona de casa estampado na cara. — Mas o está na porta animado com o jogo de hoje. — Érika respondeu abraçando a cunhada. Sônia sempre se referia a Mason com o apelido carinho. — E você, hem? Como está? Sônia estava um caco e era perceptível. Érika ouviu alguns lamentos dela, se controlando para não aconselhar a cunhada a dar um pé na bunda do próprio irmão. Sônia podia não ter o mesmo sangue que ela, mas tinha toda a gratidão e carinho por ajudar tanto com Mary e Mason. Era Sônia quem recebia as crianças e ficava com elas todos os dias até que Érika retornasse do trabalho e em troca, ela pagava um valor pelas horas em que a cunhada cuidava de seus filhos. — Se Evan chegar antes de você trazê-los, já sabe, não é? — Sônia suspirou derrotada. Érika queria insistir, mas também sabia que poderia dar ruim para a cunhada então resolveu aceitar e consolar o sobrinho, prometendo buscá-lo outro dia. — Se cuida, cunhada. — abraçou a mulher mais uma vez, despediu-se é foi brincar com as crianças da rua e os filhos. — Mamãe, sabe de uma coisa? — Mary falou olhando para a porta da casa da tia. — O quê, filha? — Eu fico triste pelo que o papai fez com a gente, sabe? Mas sinceramente? — a menina arqueia a sobrancelha e Érika aguarda a pedrada porque se tratando de Mary, alguma coisa muito inteligente, absurda e realista demais estava à caminho. — Eu prefiro a nossa vida hoje. Aquilo poderia parecer algo simples, mas havia muita profundidade nas palavras daquela pré-adolescente com pensamentos muito adultos que as vezes chocava a mãe. — Eu te entendo, filha. — Érika sorriu e ambas seguiram para a brincadeira. Ela, como mãe entendia a filha. E sabia que Edson havia causado uma ferida em Mary da qual mais tarde ele se arrependeria. Ela conhecia bem aquele trauma porque também passou por isso, mas em seu caso, foi a própria mãe quem abandonou a ela e as outras duas irmãs com o pai... O fato é que a mãe de Érica se arrependeu do que fez e penava por isso. Uma das filhas que ela havia deixado para Reymond Johnson criar era filha apenas dela... E a menina cresceu sem reconhecê-la como mãe. Érika era filha de Márcia e Reymond, bem como Nayla que era a caçula do casamento que durou 9 anos, mas Enila era filha de Márcia que já tinha a Marcy também... Uma outra filha que nasceu e foi doada para a bisavó porque Márcia já tinha o histórico de parir e não cuidar. Quando Érika parava para pensar em tudo isso, era inevitável perceber que o ciclo estava se repetindo como se fosse um padrão; contudo, ela tinha total segurança ao saber que não havia abandonado os filhos e os levaria consigo para onde fosse. Mary e Mason eram seu coração fora do peito. ~ No sábado Alex acordou um pouco mais tarde. Depois do treino na sexta, Ícaro o acompanhou até a academia de seu próprio apartamento e ambos executaram um longo momento de musculação e um pouco mais de cardio na esteira; por tanto, ele acordou quebrado porque já fazia um bom tempo que não treinava Jiu-jitsu por conta da rotina corrida. Acabou sentindo bastante os músculos, mas mesmo assim, estava animado para voltar a Team Masters. Ansioso na verdade. Como em todos os sábados, ele deu uma pausa nos negócios pela manhã e tomou um café reforçado enquanto zapeava as notícias no celular. Não era um cara de usar as redes sociais diariamente, mas como todo mundo, assistia vídeos aleatórios e lia páginas oficiais de notícias, inclusive as quais relatavam economia, agricultura e pecuária, claro. Haviam e-mails para responder, mensagens também e várias ligações para retornar, mas ele apenas adiou para depois do treino. Respondeu apenas as mensagens dos pais e dos irmãos e quando percebeu já era quase 11:00. Fez uma nota mental de que iria trabalhar no escritório de casa no turno da tarde e pegou as chaves do carro, seguindo para o estacionamento do prédio luxuoso o de mantinha uma cobertura completamente ostensiva e totalmente equipada; no entanto, preferia estar na fazenda, sem dúvidas. Não demorou muito para que estivesse outra vez no trânsito de Phoenix, mas o mau humor dessa vez foi substituído por uma ansiedade desconhecida. Ele não tinha certeza do porquê estava daquele jeito e optou apenas por seguir caminho. Seu humor melhor consideravelmente e ele quis atribuir isso ao treino super produtivo de juijitso, mas no fundo, sabia que não era só isso. Desviou esse pensamento imediatamente. No entanto, quando chegou ao estacionamento da academia, aproveitou as muitas vagas e escolheu uma na sombra do prédio para estacionar e caminhou animado para o treino que iria começar mais cedo. Tudo parecia contribuir para que aquele dia continuasse ótimo, inclusive ele havia conseguido comprar um quimono no caminho. Não era o que ele gostava, mas daria para treinar até que os melhores chegassem. O elevador estava funcionando e isso só aumentou sua ansiedade. Quando finalmente chegou a porta de vidro, respirou antes de atravessar e ensaiou um cumprimento mentalmente; por fim, entrou. — Oi, Alex! — a voz não era a que ele esperava ouvir e muito menos a pessoa atrás do balcão...






