62. Antes Que Eu Possa Me Arrepender
Me levanto do sofá devagar, ainda sentindo o peso da conversa com Harper. As lágrimas já secaram, mas a sensação de vazio no peito permanece.
— Vou arrumar minhas coisas — murmuro, caminhando em direção ao quarto.
Harper assente, sabendo que preciso desse espaço.
Abro a porta do meu quarto novo, pequeno e aconchegante, e olho as minhas caixas perto da cama, esperando para serem abertas.
É estranho como toda a minha vida cabe em tão pouco espaço.
Sento na cama e abro a primeira caixa: perfumes, hidratantes, fotos…
Quando pego o primeiro porta-retrato, onde estou usando um vestido rosa entre meus pais, num sofá antigo, as lágrimas voltam com força.
“Ela se matou.”
As palavras de Margareth ecoam na minha mente, cruéis e torturantes, seguidas por outras que lembro claramente:
“Ela passou mal e foi morar com o papai do céu” — foram as palavras ditas pelo meu pai à minha versão de cinco anos.
Durante todos esses anos, acreditei que minha mãe tinha morrido de causas natur