Capítulo 8
Ao ouvir o questionamento precipitado de Gustavo, acabei sorrindo.

— Eu pedir desculpas? Vá você mesmo conferir as câmeras e veja quem está mentindo, afinal!

Ele franziu a testa, descrente:

— Wilma é paciente, além de estar grávida. Acha mesmo que ela se jogaria da escada de propósito?

Um traço de pânico passou pelos olhos de Wilma, que imediatamente respondeu num tom suave:

— Deixa pra lá, Gustavo, é normal a Catarina estar chateada... Vamos embora.

Percebi que ela temia que ele realmente fosse verificar as câmeras, então rapidamente fingi fraqueza e levei a mão ao abdômen.

Como esperado, o rosto de Gustavo mudou de imediato; ele a segurou nos braços e saiu apressado.

Naquela noite, ele não voltou mais.

Imagino que tenha passado a noite cuidando da grávida Wilma.

No dia seguinte, enviei minhas malas para o dormitório da faculdade de medicina, deixando apenas uma mala de mão comigo.

À noite, Gustavo voltou para casa, ainda com expressão carregada de raiva.

— Wilma ainda está no hospital. Mesmo que você não tenha feito de propósito, não pode ser mais compreensiva? Precisa mesmo discutir com ela?

Sorri, um sorriso gélido que me atingiu até os ossos.

Eu já tinha sido compreensiva o suficiente.

Compreensiva a ponto de ceder meu noivo a ela, compreensiva a ponto de deixá-la posar com o vestido de noiva que mandei fazer.

O olhar de Gustavo recaiu sobre o número vermelho circulado no calendário, e seu tom amaciou um pouco.

— Chega, amanhã é o casamento, não quero discutir. Depois da cerimônia, peça desculpas para ela e pronto. Aí poderemos ir para a lua de mel.

— Você já resolveu os detalhes da lua de mel?

Não respondi.

Se ele prestasse um pouco mais de atenção, já teria notado que não havia sequer uma única flor na casa, nada que lembrasse um casamento marcado para o dia seguinte.

— Nós...

Eu estava prestes a falar, mas o celular dele tocou.

Atendeu. Era Wilma.

— Espere por mim, eu já estou indo.

Desligou, trocou de sapatos apressadamente e saiu:

— Wilma não está se sentindo bem, vou ao hospital vê-la. Amanhã não se atrase, vá ao hotel no horário combinado.

No momento em que a porta se fechou, finalmente disse:

— Vamos terminar, Gustavo. O casamento está cancelado.

Ninguém ouviu.

Apenas o velho relógio de parede, marcando o tempo com seu tique-taque.

Sentei na sala, esperando da meia-noite até o amanhecer.

O celular vibrou com um alerta: Faltam duas horas para o embarque.

Levantei, peguei minha mala e, escrevi a última frase no calendário, aquela data originalmente do meu casamento.

[Gustavo, vamos terminar.]

Coloquei o calendário em local bem visível na sala e saí sem olhar para trás daquele apartamento que me acompanhara por tantos anos.

Do outro lado, Gustavo só deixou o hospital quando Wilma já estava estável.

No caminho, enviou uma mensagem para mim.

[Você já organizou tudo no local do casamento? Estou chegando.]

Mas não recebeu resposta.

Abriu o histórico de conversas. No último mês, quase todas as mensagens eram de Catarina:

[Que horas você volta amanhã? Quero jantar com você.]

[Você pode dar uma olhada no cardápio do casamento?]

[Escolhi rosas vermelhas para a decoração da igreja, tudo bem?]

E suas respostas eram sempre simples.

[Tudo bem.]

[Você decide.]

[Tanto faz.]

Um pressentimento ruim tomou conta dele.

Da última vez, ao mencionar a possibilidade de doar sêmen para Wilma, o olhar de Catarina foi de uma frieza e desespero inéditos.

Foi a partir daí que ela deixou de tomar a iniciativa de falar com ele ou de esperá-lo voltar para casa.

Apertou o celular e ordenou ao motorista:

— Acelere.

Ao chegar ao hotel, seus amigos e a mãe já o esperavam no saguão.

— Até agora não trocou de terno? Catarina não está com você? — Questionou a mãe, franzindo a testa.

Gustavo hesitou:

— Ela já deve estar no salão de festas.

Mas ele sequer sabia em qual salão o casamento seria realizado.

Catarina nunca lhe dissera. E ele nunca se importara em perguntar.

Apressado, segurou um funcionário:

— Em qual salão Catarina fez a reserva?

O funcionário consultou a lista e respondeu:

— Salão número três... Mas...

E continuou:

— Catarina ligou há duas semanas para cancelar a reserva. Ela disse que o casamento foi cancelado.

Gustavo ficou completamente paralisado.

O casamento, cancelado?

Seu mundo, naquele instante, desabou completamente.
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