Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a expressão dele já havia saído de controle.
— Eu posso explicar! Na época, eu só achei que Wilma era a pessoa que tinha me salvado. Entre nós, nunca houve nenhum sentimento.
A voz dele embargou e seus olhos rapidamente se avermelharam.
— Só depois que você foi embora... é que eu descobri que, na verdade, naquela noite de seis anos atrás, quem me salvou foi você. Eu confundi a pessoa esse tempo todo, Catarina...
O olhar de Gustavo estava cheio de arrependimento, com um brilho quase suplicante, como se ele acreditasse que, ao revelar a verdade, eu o perdoaria.
Mas ele estava enganado.
Naquela noite, fui eu quem o salvei, costurei o ferimento de bala, estancando o sangue sob a luz estéril com todo o cuidado.
No entanto, nunca mencionei isso. Era um passado que ambos evitávamos cuidadosamente.
Mas Gustavo confundiu as pessoas, errou uma vez, errou por uma vida inteira.
Ele me perguntou em voz baixa:
— Aquela criança, naquela época... Eu não deixe