Capítulo 41 – Fome e Fogo
O quarto estava em silêncio absoluto. Só o som do vento se infiltrava pela janela entreaberta, balançando as cortinas. A luz da lamparina tremulava nas paredes, fazendo o corte no braço dele parecer ainda mais vivo, mais inevitável.Rudbeckia permaneceu sentada na beirada da cama, os ombros tensos. A respiração vinha rápida e curta, como se cada inspiração custasse esforço demais. O cheiro do sangue fresco preenchia o ar, denso e metálico, e parecia crescer a cada segundo.Alastair mantinha o braço estendido diante dela. A pele um pouco bronzeada estava manchada de vermelho, o líquido escorrendo em linhas quentes até o pulso. O rosto dele não tinha hesitação. Nenhuma sombra de dúvida.— Tome. — disse, baixo, a voz grave e calma.Ela fechou os olhos de imediato. O maxilar se contraiu. Tudo nela gritava para não fazer aquilo. Orgulho, medo, vergonha. Mas o corpo já não obedecia.A fome queimava por dentro