A noite em Nova York estava especialmente fria. Um vento cortante soprava entre os prédios, e a névoa cobria os becos como um véu silencioso de ameaça. Celina saiu do restaurante mais tarde do que o habitual, enrolada no seu sobretudo escuro, os olhos cansados e os pensamentos embaralhados. Pegou o metrô como de costume e, ao sentar, pegou o celular, colocou o fone e foi ouvindo música o trajeto inteiro. Ao chegar em seu bairro, notou que a rua estava mais deserta do que o normal. O silêncio era denso. As árvores balançavam sob a brisa gélida, e as casas pareciam adormecidas, com luzes apagadas e janelas fechadas.
Caminhou com passos apressados, abraçando-se a si mesma. Seu corpo tremia, mesmo com o sobretudo fechado, mas não sabia se era mais pelo frio ou pela sensação incômoda de estar sendo observada. Atravessou a rua em direção à sua casa, uma pequena residência charmosa, com um alpendre e uma cerca branca, quando percebeu passos atrás dela. Apressou o passo. Os passos atrás dela