Celina despertou sobressaltada com o som insistente da campainha. O toque era firme, repetitivo, quase impaciente. Levantou-se num pulo, ainda confusa, os cabelos desgrenhados e os olhos semicerrados pela luz fraca do abajur ao lado da cama. Já era noite — escura, silenciosa, exceto pelo som da campainha quebrando a quietude de seu apartamento.
— Já vai… — murmurou, com a voz rouca de quem havia dormido por horas.
Seguiu pelo corredor, arrastando os pés no chão frio. Quando abriu a porta, encontrou Zoe parada ali, com as mãos nos quadris e uma expressão indignada, mas divertida.
— Até que enfim, hein? — exclamou Zoe, entrando sem esperar convite. — Já estava quase desistindo! Achei que tinha acontecido alguma tragédia aqui dentro.
— Ai, desculpa, Zoe… — Celina esfregou os olhos, ainda sonolenta.
— Não vou nem perguntar o que aconteceu, porque a tua cara amassada já disse tudo. — Zoe largou as bolsas que trazia nos braços em cima do sofá. — Você não tem noção de quantas vezes eu liguei