Sophia
O chalé parecia respirar comigo. O estalo da lareira não era apenas som: era como um coração pulsando dentro da casa, acompanhando o ritmo acelerado do meu peito. A chuva batia nas janelas com insistência, e eu sentia que cada gota que escorria pelo vidro carregava um pedaço da minha dor. O cheiro de madeira queimada misturava-se ao perfume de Gabriel, criando uma atmosfera íntima, quase mágica. Era como se o mundo lá fora tivesse desaparecido, restando apenas nós dois e aquele refúgio escondido no meio da tempestade.
Quando ele me segurou, percebi que o calor não vinha só das chamas. O sofá de couro, gasto pelo tempo, parecia nos acolher, como se tivesse sido feito para testemunhar encontros como o nosso. O toque dele contra minha pele me lembrava que eu ainda estava viva, mesmo depois de tantas noites em que me senti morta por dentro.
Nossos olhares se encontraram, e eu quis falar, hesitar, talvez me proteger. Mas o beijo dele me calou. Quente, profundo, roubando qualquer