CAPÍTULO 5 - MELISSA

O sangue sumiu do meu rosto. O salão inteiro girava ao meu redor e, por um instante, tive certeza de que desmaiaria nos braços dele. O ar ficou preso em minha garganta e minhas pernas tremeram. Eu sabia que não tinha mais como mentir para Leonardo e que teria que dizer a verdade ali mesmo. Tentei pensar através do pânico, mas seus olhos me estudavam com tanta atenção que nenhuma palavra seria capaz de convencê-lo de que estava diante de Mabel.

Um arrepio gelado percorreu minha espinha enquanto eu buscava desesperadamente uma saída, mas o terror me sufocava. Minha mente se contorcia tentando encontrar uma solução, até que obriguei minha boca a se mover.

— Está ficando doido? — retruquei como Mabel faria, tentando soar indignada e convencida. — Como eu saberia que você tem aquela cicatriz no ombro esquerdo se fosse a Melissa? Como ousa dizer que pareço com ela? Ainda mais nesse vestido? Acha que Melissa seria capaz de se passar por mim? Que saberia como você me toma feito um animal na cama? — sussurrei em seu ouvido, tentando fingir que estava tudo bem para que nenhum convidado percebesse.

Por um segundo, o olhar de Leonardo vacilou, mas logo voltou a me fitar com a mesma intensidade gélida.

— Nunca vi você defendendo sua irmã. Pelo contrário... sempre foi a primeira a chamá-la de estorvo.

Revirei os olhos, como Mabel fazia toda vez que era comparada a mim.

— Você está certo. Melissa realmente sempre foi uma versão patética de mim e nunca mereceu tal comparação. Eu não a defendi, só não queria deixar que ela roubasse o nosso momento. É melhor nem falarmos dela. Deixe que caia no esquecimento.

— Agora sim! — Leonardo sorriu satisfeito, beijando-me nos lábios. — Por um momento pensei que você tivesse batido a cabeça. Ela nunca mereceu ser comparada a você.

Engoli o nervosismo, a humilhação e a raiva ao ouvir suas palavras. Eu sabia que precisava manter a farsa, mas por dentro estava destroçada ao descobrir que Mabel também participava dessas conversas contra mim. A dor de saber que minha própria irmã gêmea me traía pelas costas, concordando e até incentivando as crueldades que Leonardo e seus amigos diziam sobre mim, era quase insuportável. Ele desconfiava que eu mentia, mas quanto mais eu falava mal de mim mesma, mais me tornava convincente como ela.

Forcei um sorriso enquanto meu coração se despedaçava em mil pedaços. Eu precisava fazer o meu melhor para parecer Mabel, caso contrário, essa farsa não duraria um dia.

De repente, uma voz aguda e efusiva cortou o ar do salão, fazendo meu sangue gelar nas veias.

— Mabel, como você está LINDA! — gritou Valentina, a melhor amiga da minha irmã, correndo em minha direção com os braços abertos.

Pensando rápido, soltei um gritinho agudo de alegria fingida, exatamente como via Mabel fazer toda vez que encontrava a melhor amiga. Por Deus, eu nunca imaginei que teria que reproduzir esse tipo de comportamento artificial e superficial.

Valentina me envolveu em um abraço apertado, seu perfume caro invadindo minhas narinas enquanto ela me balançava de um lado para o outro.

— Querida, você está absolutamente deslumbrante! — exclamou, segurando minhas mãos. — Ainda não consigo acreditar no que aconteceu em Paris na semana passada! E aquele vestido vermelho que experimentamos juntas na boutique da Champs-Élysées? Você decidiu mesmo não comprar?

Meu cérebro congelou. Paris? Vestido vermelho? Eu não fazia a menor ideia do que ela estava falando, porque obviamente nunca tinha ido a Paris. Aliás, nunca nem saíra da cidade. Meus pais só bancavam viagens caras para Mabel. Tentei ganhar tempo, buscando desesperadamente alguma resposta que não me denunciasse, ainda mais com Leonardo tão perto. Ele parecia entretido em uma conversa com seus amigos, mas eu não podia arriscar.

— Ah... aquele vestido... — comecei hesitante, esperando que ela me desse mais pistas.

— Exato! O da Dior, que você disse que era perfeito! — continuou entusiasmada, aproximando-se do meu ouvido para sussurrar, maliciosa: — E o que aconteceu com aquele francês lindo do hotel? Conseguiu o número dele?

Francês? Que francês? O pânico tomou conta de mim porque percebi que não conhecia nada da vida real de Mabel, apenas a versão que ela mostrava em casa. Valentina se afastou e me observou com estranheza crescente, claramente esperando reações específicas que eu não conseguia dar.

— Claro que não. Eu só tenho olhos para Leonardo — disse, sussurrando em seu ouvido.

Com o cenho franzido, Valentina me estudou com um olhar afiado.

— Você está diferente hoje, Mabel — disse, dessa vez alto demais, me encarando com atenção. — Seu jeito de falar... não sei. O que houve?

Olhei para Leonardo, que ainda estava ao meu lado, e tentei não entrar em pânico ainda mais.

— Estou apenas emocionada com o casamento — respondi rapidamente, desviando sua atenção. — Você sabe como é, o dia da noiva... tudo parece um sonho.

— Mas o que houve com o Carlos no clube na terça-feira? Você sumiu do nada e não respondeu às minhas mensagens! — pressionou ao meu ouvido.

O desespero me dominou, mas uma inspiração súbita surgiu: eu precisava desviar sua atenção para algo que Mabel realmente diria. Forcei o sorriso mais convincente que consegui e baixei a voz em um tom conspiratório.

— Querida, para ser sincera, estou tão emocionada pensando em toda a fortuna do Leonardo! Você viu as joias que ele me deu? E imagina só todas as bolsas da Hermès que posso comprar agora? Estou nas nuvens!

Os olhos de Valentina se iluminaram imediatamente, como se tivesse reencontrado a verdadeira Mabel. A menção a dinheiro e objetos caros era exatamente o tipo de conversa superficial que sempre as unia.

— Ai, meu Deus, sim! — exclamou, toda a desconfiança desaparecendo. — Você é tão sortuda! E ele é tão gostoso também... que inveja!

Ela riu e me abraçou novamente, aparentemente satisfeita com minha resposta materialista típica de Mabel, antes de se afastar para cumprimentar outros convidados.

O resto da recepção passou como um borrão de conversas forçadas, sorrisos falsos e ansiedade crescente, até que finalmente chegou o momento que eu mais temia: a lua de mel.

Assim que chegamos à porta de sua cobertura, Leonardo me pegou nos braços, os olhos ardendo de desejo, e me levou diretamente até a suíte. Senti o calor de sua pele contra a minha, seus músculos rígidos pressionando meu corpo. Evitei encará-lo para não entrar em pânico, desviando o olhar e fingindo observar a casa como se já tivesse estado ali milhares de vezes e não fosse um território totalmente desconhecido para mim.

Quando chegamos ao quarto, Leonardo me colocou no chão e se virou para fechar a porta. O som do clique soou como uma sentença.

Mal tive tempo de reagir. Ele se voltou para mim, uma das mãos indo à minha cintura, segurando-me com firmeza e me dominando por completo. Sua outra mão deslizou até meu cabelo, entrelaçando os dedos nos fios soltos e puxando-os para trás com autoridade, deixando-me totalmente à mercê dele.

— Você está pronta para o que vou fazer com você? Ou prefere começar cumprindo o que me prometeu no altar? — perguntou com o olhar em chamas.

Me senti à beira de um precipício: qualquer resposta poderia destruir a farsa de uma vez por todas. Se eu recusasse consumar a lua de mel, ele saberia que eu não era minha irmã. Se eu cedesse, veria a prova de que eu era completamente virgem e não a mulher que ele acreditava ter casado. Não importava o que eu fizesse, eu estava perdida. Tentei encontrar uma saída, mas as mãos dele me dominaram e eu não conseguia pensar em mais nada. Até que me dei conta de que, se eu ia para o inferno de qualquer maneira, poderia muito bem aproveitar. Então, eu tomei minha decisão.

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