Leonardo não hesitou nem por um segundo. Suas mãos fortes me puxaram pela cintura com uma intensidade que me deixou sem ar, pressionando-me contra seu corpo musculoso enquanto seus olhos azuis queimavam de desejo. Ao se aproximar para me beijar, vi fome pura em seu olhar, como se quisesse me devorar ali mesmo, diante de todos. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, sua boca tomou a minha com uma paixão devastadora, seus lábios movendo-se com maestria enquanto uma de suas mãos se entrelaçava nos meus cabelos e a outra me mantinha ainda mais colada a ele.
O beijo era explosivo, dominante, cheio de uma intensidade sexual que fez meu corpo inteiro pegar fogo. Quando sua língua encontrou a minha, um gemido involuntário escapou da minha garganta. Pude sentir a força do seu desejo quando sua respiração acelerou, a forma como seu corpo reagia ao meu. Ninguém nunca me beijara daquela maneira e, pela primeira vez na vida, entendi o que significava ser beijada por um homem de verdade.
— Meu Deus... você nunca me beijou assim. Está diferente das outras vezes — sussurrou Leonardo contra minha boca quando finalmente nos separamos, sua voz rouca de desejo e confusão.
Todos começaram a comemorar o casamento e soltei um suspiro aliviado por ter conseguido sobreviver à primeira parte.
— Diferentes situações pedem beijos diferentes — respondi, tentando soar provocante como Mabel faria, mas por dentro estava em pânico, porque ele notara a diferença.
A recepção aconteceu no salão anexo à igreja, decorado com flores brancas e douradas que criavam um ambiente elegante e sofisticado, digno de duas famílias poderosas. Leonardo me guiava pelos cumprimentos intermináveis de parentes e amigos, sua mão possessiva em minha cintura lembrando-me constantemente de que agora eu era oficialmente sua esposa, mesmo que ele não soubesse quem realmente se casara com ele.
Sorri e aceitei felicitações de pessoas que mal conhecia, todas comentando como eu estava radiante e como formávamos um casal perfeito, enquanto algumas perguntavam onde estava minha irmã gêmea. Meus pais respondiam rapidamente que eu estava doente, uma gripe forte que a impedira de vir. Leonardo permanecia ao meu lado, mas eu podia sentir seus olhares em minha direção, especialmente quando as pessoas comentavam sobre a ausência de Melissa. Durante os primeiros minutos, consegui manter a compostura, respondendo com as frases genéricas que qualquer noiva diria.
— Que pena que Melissa não pôde vir! — comentou uma das convidadas, amiga de Mabel, e senti meu estômago se revirar.
Outros convidados nos cercaram, oferecendo mais felicitações.
— A irmã da minha esposa sempre foi uma invejosa, não é surpresa que não tenha vindo. Até apostamos que ela não viria, não é, Mabel? — disse Leonardo, fazendo meu estômago se contrair.
— Mabel, que bom que você se livrou daquela sombra da Melissa! É melhor para você que ela não tenha vindo. Ela nem tentou fingir que estava feliz com a sua felicidade — acrescentou Victor, o melhor amigo de Leonardo, rindo. — Aquela mulher sempre foi estranha. Leonardo, você já reparou como ela sempre ficava te encarando feito um cachorro faminto? Já imaginou se tivesse se casado com ela, em vez da Mabel?
Nunca trocara uma palavra com Victor em toda a minha vida, então a crueldade em suas palavras era totalmente injustificada. Estava chocada e enojada com a facilidade de despertar tanto desprezo em alguém a quem nunca fiz nada.
— Deus me livre de me casar com a Melissa! — respondeu Leonardo com nojo. — Jamais me casaria com aquela coisa. Melissa sempre foi a irmã detestável, sem graça nenhuma.
Aquela coisa.
Não consegui mais manter o sorriso. Senti meu estômago se revirar ao encarar o homem com quem acabara de me casar.
— Melissa tinha aquela obsessão patética por você — acrescentou outro amigo. — Era constrangedor de assistir.
— Imagina só, casar com alguém tão sem sal quanto a Melissa! — riram todos cruelmente. — Você escolheu muito bem, Leonardo.
— Óbvio que escolhi a Mabel — respondeu com arrogância. — Entre uma mulher deslumbrante e uma ratinha de biblioteca, a escolha é óbvia.
— A Melissa é feia mesmo. Por mais que seja idêntica à Mabel, nunca teve o mesmo brilho — comentou uma das mulheres, virando-se para mim. — Ela sempre pareceu uma empregada perto de você.
— Verdade! Um brinde a ter me casado com a mulher mais linda da cidade, e não com aquela irmã sem graça que sempre foi uma perdedora — concordou Leonardo, levantando a taça.
Cada palavra era como um tapa no meu rosto, cada risada uma humilhação pública que me destroçava por dentro.
— Parem de falar da minha irmã assim! — sussurrei, tentando defender a mim mesma.
— O quê? — Leonardo me olhou surpreso, quase em choque. — Desde quando você defende a Melissa? Você sempre concordou que ela era um estorvo. Aliás, costuma dizer coisas muito piores do que as que dissemos.
Os olhos dele se estreitaram em minha direção. Pela primeira vez, prestava atenção em mim de verdade. Vi o lampejo de fúria percorrer seu olhar antes de ele se inclinar para meu ouvido.
— Você achou que podia me enganar, Melissa? Onde está Mabel, minha verdadeira noiva?
O mundo sumiu ao meu redor. Meu coração despencou. Tudo o que lutei para esconder acabava de ser arrancado por aquele olhar glacial.