Ana Kelly Narrando
A brisa geladinha da madrugada batia no meu corpo nu, mas eu não sentia frio. Tava ali, deitada em cima do peito do Anthony, ouvindo o coração dele batendo forte, ainda acelerado, como se não quisesse sossegar depois de tudo que a gente viveu naquela varanda. Meus dedos faziam carinho nos pêlos do peito dele, e os dele traçavam minha coluna devagarzinho, como quem queria guardar cada pedacinho de mim na memória da ponta dos dedos.
Era paz. Daquele tipo que a gente só encontra depois da tempestade, depois da entrega, depois da certeza de que ali... a gente tava onde devia estar.
Eu levantei, coloquei o short e fui até a mesa, peguei a macarronada e o suco na geladeira, e voltei pro sofá.
— Tô com sono — murmurei, num bocejo arrastado.
— Dorme, amor — ele respondeu, a voz já arrastada também, o braço apertando minha cintura.
A gente acabou pegando no sono ali mesmo, no sofá da varanda, sem lençol, sem travesseiro, só o calor do outro como abrigo. O corpo cansado, a