Ana Kelly Narrando
O corredor do hospital parecia mais silencioso hoje. Cada passo que eu dava parecia ecoar no meu peito. O cheiro de antisséptico já nem me incomodava mais, mas o medo... esse sim, crescia mais a cada vez que eu abria aquela porta branca. Respirei fundo antes de entrar. Meus dedos tremiam levemente. Quando vi a vó deitada, com aquele semblante cansado, mas ainda com o mesmo brilho nos olhos, senti o coração apertar.
— Bom dia, minha velha linda — murmurei, tentando sorrir enquanto me aproximava.
Ela abriu um sorriso fraco, mas verdadeiro. Esticou os braços devagar e eu fui até ela, me deitando com cuidado ao lado, encaixando minha cabeça no seu ombro, como fazia quando era criança.
— Tá ficando apertado pra gente duas na cama, hein, minha menina? — ela brincou, passando os dedos no meu cabelo. — Essa barriga tá crescendo...
— E vai crescer mais, se Deus quiser — respondi, rindo baixo. — Vim aqui te dar um beijo e passar um tempo contigo.
— Eu sei o que você quer, An