Antonella Narrando

Acordar não foi como das outras vezes. Foi como sair de um lugar escuro, sem tempo, sem corpo… só o silêncio e a lembrança da dor. Uma pressão no peito, uma tontura no mundo, como se tudo estivesse me escapando pelas mãos. Ontem, antes de tudo apagar, eu já sabia que algo não estava certo. O corpo já não obedecia, o coração pesava. Mas o que doía mais… era a saudade antecipada. A certeza de que eu estava perto da despedida.

Mas quando abri os olhos… lá estava ele.

Anthony.

Meu menino. Meu neto por escolha da vida, por entrega do destino. Aquele menino que olhou pra minha neta como nenhum outro, que enfrentou o mundo por ela, que me deu um orgulho que eu nem sabia que cabia no peito de uma velha cansada.

E ele estava ali… com os olhos molhados, segurando minha mão como quem segura a própria alma.

Naquele instante, eu me senti viva. Me senti importante. Me senti amada. Como tenho me sentido desde que cheguei em Porto Alegre, cercada de gente que me acolheu com carinh