Karen Narrando
A noite parecia mais fria do que o normal, ou talvez fosse só o peso da incerteza que deixava tudo mais gelado. A gente tava ali do lado de fora, eu, a Jéssica e a Marcela, sentadas no banco de concreto em frente à entrada de emergência, cada uma perdida nos próprios pensamentos, mas tentando se manter forte por fora. O movimento no hospital seguia intenso — ambulância chegando, enfermeiro correndo pra lá e pra cá — mas o tempo parecia congelado pra gente.
Eu ficava olhando pra porta, esperando qualquer sinal. Uma enfermeira, um conhecido, um milagre… qualquer coisa que aliviasse o aperto no peito.
Foi então que vi o Estevão vindo lá de longe, andando rápido, quase correndo. Ele tava de moletom, a cara fechada e a expressão carregada de preocupação. Quando chegou perto, mal cumprimentou a gente, já veio logo perguntando:
— Como é que tá a vó?
Me levantei de imediato, tentando manter a calma na voz pra não aumentar o desespero dele. A vozinha é da Ana Kelly, mas o mesm