Anthony Narrando
O relógio marcava três e vinte da manhã. A casa inteira estava em silêncio, mas o barulho que cortava meu peito vinha dali, do quarto. Ela gemia baixo, como se quisesse esconder a dor, sufocar o que estava sentindo pra não me preocupar. Só que eu ouvia… cada som que escapava da garganta dela era uma facada no meu peito.
Tava deitado ao lado, mas meu corpo não conseguia relaxar. Me mexi, fiquei de lado, de costas, virei de novo. Nada fazia o sono vir. Até que ouvi de novo… mais um gemido abafado.
Levantei devagar, sem fazer barulho, e fui até o lado dela. A luz do abajur era suave, mas iluminava o suficiente pra eu ver o rosto dela contraído. Mesmo dormindo, ela sentia dor. E aquilo me destruía por dentro.
— Ana… — chamei baixinho, ajoelhando ao lado da cama.
Ela abriu os olhos devagar. Os olhos castanhos estavam cansados, mas vivos.
— Anthony… — murmurou com a voz rouca. — Por que você não tá dormindo?
— Eu que devia perguntar isso — respondi, passando a mão de leve