Karen Narrando
A cabeça encostada no ombro dele, o motor do carro roncando baixinho e aquela sensação boa de estar no meu lugar. Eu não precisava de muito. Só do calor dele, da segurança do abraço dele, e da certeza que, mesmo no meio de tanta treta, a gente tava junto.
— Já tá tudo certo, minha preta. Eu vou te tirar disso. Palavra de homem. — ele disse com aquela voz firme que sempre me desmonta.
Sorri de canto, sem nem levantar a cabeça. Ele fala com uma certeza que me dá paz, mas eu também tenho meus tempos, minhas manhas, minha guerra interna.
— Eu sei que vai, meu amor. Só me dá mais um tempinho, tá? Só mais um pouco até eu conseguir largar isso sem parecer que tô fugindo. Quero sair com a cabeça erguida, como eu entrei.
Ele soltou um suspiro longo e passou a mão na minha coxa, daquele jeito que me faz esquecer o mundo. A rua passou embaçada pela janela enquanto o carro seguia em direção à casa da Estela, onde a gente tava ficando. Meu refúgio por enquanto. Nosso esconderijo de