Bárbara narrando
A grade do portão de embarque, suou para mim, com um estrondo, como se ecoasse a vergonha e a raiva que queimavam dentro do meu peito. Eu e Anthony havíamos feito aquela viagem maldita juntos, aí volta e o Marcelo de vôo convencional, porque fomos largados na Itália como dois estorvos, enquanto Anthony e aquela aproveitadora da Ana Kelly voltavam tranquilos para o Brasil, como se nós dois fôssemos lixo dispensável.
Arrastei minha mala com brutalidade até o estacionamento, sem sequer olhar para trás. Marcelo vinha logo depois, carregando a dele em silêncio. Quando encontrei o carro que ele tinha deixado ali antes da viagem, parei de frente pra ele, sem conseguir mais segurar o que estava engasgado na garganta.
— Isso é uma palhaçada! — cuspi as palavras, atravessando Marcelo com o olhar. — Você viu bem, né? Fomos tratados feito cachorro!
Ele encostou na porta do carro, os braços cruzados, e respirou fundo antes de responder.
— É preço de quem fecha com a senhora? — per